quinta-feira, 17 de abril de 2008

ORAÇÃO X CORRERIA

Vivemos em dias onde cada vez mais o tempo se torna escasso, por isso, muito precioso. Com a revolução industrial e tecnológica, o homem pensou que estaria ganhando mais tempo. Acabou descobrindo que quando tem tempo sobrando procura mais coisas para se ocupar. Em meio a tanta correria, somos tentados a deixar a prática da oração. De fato, a correria é um grande rival da oração. Podemos, contudo, aprender com Jesus que é possível vencer este rival e manter nossa prática de oração.
Oração e trabalho eram máximas de Jesus, mas a oração sempre vinha primeiro. Ele trabalhava ao ponto de ficar sem comer (Marcos 3:20). Ensinava uma vida de trabalho (João 9:3). Certa vez, cansado do trabalho, atirou-se em travesseiro e adormeceu ( Marcos 4:38). Se alguém trabalhou arduamente na obra de Deus, foi Ele, pois tudo que fez foi a “obra do Pai” ( João 10:37; 5:36).
Apesar de tanto trabalho e correria, Jesus não abriu mão da oração. Ele não deixou que o trabalho fizesse com ele colocasse a oração em segundo plano ( Lucas 5:12-16). Ele manteve uma perfeita intimidade com o Pai através da oração.
No texto de Lucas que acabamos de citar, encontramos Jesus numa determinada cidade curando um leproso. Jesus ordenou que aquele homem não contasse a ninguém o que ele tinha feito. Mas as pessoas não guardavam silêncio diante de tantas maravilhas. Assim, uma multidão corria atrás de Cristo procurando curas. Em meio a toda essa correria e até necessidade, Jesus se retirava para lugares solitários e orava. Ele tinha uma profunda compaixão pelas pessoas ( Mateus 9:35) e via a necessidade delas. Contudo, ele não deixava que isto roubasse o seu tempo de oração, de conversa íntima com o Pai. Quando Jesus quase foi vencido pela pressão do seu trabalho com todas as ansiedades que o acompanhavam, sempre temos a impressão de que sua vida devocional se tornava mais intensa. É como se o mundo estivesse tentando cortar os laços entre Ele e o Pai. Desta forma, Ele precisava atá-los ainda mais fortemente.
A oração para Jesus era indispensável para o sustento e fortalecimento do seu trabalho. Ele não abria mão disse por correria nenhuma. E nós?
Postado por José Roberto

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O que é Integridade?

Segundo o Dicionário Aurélio, podemos entender por integridade a “qualidade do que é inteiro, completo, perfeito, exato, reto, imparcial, inatacável, pundonoroso”. Para John MacArthur [1], o termo integridade significa, essencialmente, ser verdadeiro em relação aos próprios padrões éticos; no caso dos verdadeiros cristãos, os padrões de Deus. Integridade é sinônimo de honestidade, sinceridade, incorruptibilidade. Dizer que alguém é íntegro, é dizer que este está sem hipocrisia ou duplicidade; alguém que é totalmente consistente em suas convicções e comportamento. “Uma pessoa a quem falte integridade, alguém que diga uma coisa e faça outra – é um hipócrita”.[2]

Há vários termos no Novo Testamento, que sugerem a idéia de integridade [3]:

1. Artios, que significa apropriado, completo, capaz, sadio.

A importância de artios e os seus derivados são aquelas passagens que se empregam em conexão com o preparo e o equipamento do crente e da igreja, para o serviço de Deus e do seu próximo. O adjetivo artios ocorre somente em II Tm 3:17, que diz: “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Segundo Rienecker e Rogers [4], artios aqui se refere aquele que está hábil para preencher todos os requisitos.

2. Aplothes, que significa simplicidade, sinceridade, retidão.

É empregado em Tiago 1:5 para a maneira segundo a qual Deus dá “liberalmente”, para mostrar a Sua honestidade em dá sem quaisquer motivações ocultas. Em Romanos 12:8, Paulo mostra que aquele que contribui deve fazer de maneira sincera. Um exemplo de alguém que não foi sincero é-nos dado em Atos 5:1-10, onde é relatado o triste acontecimento na igreja primitiva por parte de Ananias e Safira, que não foram sinceros ao trazer uma oferta à igreja, reservando parte do valor do campo.

Em Mt 6:22 e Lc 11:34 o serviço dos olhos e a olhada ciumenta são sinais externos da divisão interna, da devoção a Cristo pela metade. Paulo, empregando o quadro da devoção da noiva a um só homem em II Co 11:2-3, demonstra quão completo é a entrega humana a Cristo. Paulo ainda em Efésios 6:5 e Cl 3:22 exige que o escravo obedeça a seu senhor na sinceridade e em singeleza do seu coração.

3. Aletheia, cujo o significao é verdade, sincero, real, fiel, genuíno.

“Em verdade em verdade vos digo...”. Esta expressão sempre é usada por Jesus para reforçar Suas palavras, para expressar Sua autoridade, e para sublinhar a certeza da Sua mensagem. Do lado negativo, muitos dos Seus ditos atacam a hipocrisia, ou, do modo mais geral, qualquer discrepância entre a palavra e a ação, ou entre a palavra e a realidade. “Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus... dizem e não fazem... dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei... coais o mosquito e engolis o camelo!” (Mt 23:2,3,23,24). Do lado positivo, as palavras de Jesus sempre estão de acordo com Seus atos e com a realidade.

Outras ocorrências de aletheia nos Evangelhos e Atos ou têm o sentido de verdade em contraste com a falsidade, o ocultamento ou o logro; ou, referem-se à honestidade ou à sinceridade. Em Mt 22:15 e Mc 12:14, os fariseus e os herodianos procuravam prender Jesus em uma armadilha com suas perguntas, e introduziram estes questionamentos com as seguintes palavras: “Sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade”. Aqui, a consideração é que Jesus não ocultaria a verdade por causa de qualquer temor das conseqüências de declará-la. Sabe-se que Ele é honesto ao declarar Seus pontos de vista. Para Vine [5], aletheia é a realidade que jaz com base na aparência; a essência manifesta e verdadeira de um assunto, por exemplo, Rm 15:8, a verdade de Deus é indicativa da Sua fidelidade no cumprimento de Suas promessas conforme são mostradas em Cristo; Ele era e é a expressão perfeita da verdade.

4. Teleios: completo, perfeito, maduro.

Teleios ocorre cinco vezes com o significado de “maduro”, “adulto”: I Co 2:6; 14:20; Fl 3:15 (a declaração de Paulo no v. 12 de que ainda não se tornara perfeito significa que ainda não atingiu a coisa final, o prêmio do vencedor, que é a vocação celestial em Jesus Cristo); Ef 4:13 (a igreja é chamada, figuradamente, “um homem maduro”); e Cl 1:28 (o “homem perfeito” como alvo das instruções do apóstolo).

Duas vezes, teleios é aquilo que está totalmente de acordo com a vontade de Deus (Rm 12:2; Cl 4:12). Em I Co 13:10 “o perfeito” significa o mundo do porvir, onde tudo quanto é imperfeito (v.9), que distingue nosso presente mundo, é vencido.

Em Mateus 5:48, há a exortação à perfeição, assim como o Pai celestial é perfeito. À luz do contexto trata-se de um mandamento no sentido de ser compassivo, e de amar aos amigos e aos inimigos. Servir a Deus com um coração não dividido. Em Tiago, teleios tem o significado básico de “completo”. A pessoa é “perfeita”, i.e, não fica para trás em nenhum ponto (1:4), quando é paciente e perseverante. Tiago diz que a lei da liberdade (refere-se ao mandamento de amar ao próximo, 2:8), é perfeita (1:25), porque somente ela pode tornar os homens verdadeiramente livres. Não é necessário dizer que os dons de Deus são perfeitos (1:17). Conforme Tiago, o homem que não ofende com as suas palavras é íntegro e sem falha (3:2). Assim, teleios, significa “ficar íntegro”: é somente através das obras que a fé é levada à perfeição (2:22, cf vv. 17, 20).

Para concluir este artigo, gostaria de dizer que Jesus não nos pediu que projetássemos uma falsa perfeição. Longe do nosso Mestre tal coisa. Em vez disso, Ele nos desafiou a admitir nossas falhas e pecados. Ele tem compaixão de cada um de nós e nos perdoa quando nós confessamos os nossos pecados (I Jo. 1:8,9). Se pudermos ser honestos com nós mesmos com respeito aos outros, isto lhes dará esperança para admitirem seus próprios pecados e se converterem em direção ao nosso gracioso Deus.



[1] MacARTHUR, John. O poder da Integridade, p. 9.
[2] Ibid.
[3] Os termos gregos foram selecionados, analisados e extraídos do Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vls I e II.
[4] RIENECKER, Fritz e ROGERS, Cleon. Chave lingüística do Novo Testamento, p. 479.
[5] VINE W. E e etal. Dicionário Vine – O significado Exegético e Expositivo das palavras do A.T e do N.T. p. 1054.
Postado por Elias Lima