quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Lutero e a Escravidão da Vontade - Parte II


Romanos 3:9 “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado


Precisamos permitir que Paulo explique o seu próprio ensinamento. Diz ele em Romanos 3:9 “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado” Não somente são todos os homens, sem qualquer exceção, considerados culpados a vista de Deus, como tambem são escravos desse mesmo pecado que os torna culpados. Isso inclui os judeus, os quais pensavam que não eram servos do pecado porque possuíam a lei de Deus. Mas, visto que nem judeus nem gentios tem-se mostrado capazes de desvencilharem-se dessa servidão, torna-se evidente que no homem não há poder que o capacite a praticar o bem. Essa escravidão universal ao pecado inclui até mesmo aqueles que parecem ser os melhores e mais retos. Não importa o grau de bondade que um homem possa alcançar; isso não é a mesma coisa que possuir o conhecimento de Deus.

Romanos 3:19 “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus

Neste trecho, Paulo declara que toda boca se calará diante de Deus, porque ninguém poderá argumentar contra o julgamento divino, visto que nada existe, em pessoa alguma, digno de ser elogiado pelo Senhor —nem ao menos um arbítrio livre para voltar-se espontaneamente para Ele. Se alguém disser: “Tenho uma capacidade própria, ainda que pequena, de voltar-me para Deus”, esse alguém deve estar querendo dizer que pensa que nele há alguma coisa a qual Deus possa elogiar e não condenar. Sua boca não está calada, mas tal idéia contradiz as Escrituras. Deus ordenou que toda boca ficasse calada. Não é apenas certos grupos de pessoas que são culpados diante de Deus. Não apenas os fariseus, dentre o povo israelita, estão condenados. Se isso fosse verdade, então os demais judeus teriam tido alguma capacidade própria para guardar a lei e evitar de tornarem-se culpados. Porém, até mesmo os melhores dentre os homens estão condenados por sua impiedade. Estão espiritualmente mortos, da mesma forma que aqueles que de maneira alguma procuram guardar a lei de Deus. Todos os homens são ímpios e culpados, e merecem ser punidos por Deus.

Romanos 3:20 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.”

Aqui Lutero refuta o argumento feito por Erasmo a favor do “livre-arbítrio”, pois segundo ele a lei não nos teria sido dada se não fôssemos capazes de obedecê-la. Lutero responde: “Erasmo, por repetidas vezes você tem dito: “Se nada podemos fazer, qual é o propósito das leis, dos preceitos, das ameaças e das promessas?” A resposta é que a lei não foi dada para mostrar-nos o que podemos fazer. Nem mesmo a fim de ajudar-nos a fazer o que é correto. Diz Paulo, em Romanos 3.20: “...pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. O propósito da lei foi o de mostrar-nos no que consiste o pecado e ao que ele nos conduz a morte, ao inferno e a ira de Deus. A lei só pode destacar essas coisas. Não pode livrar-nos delas. O livramento nos chega exclusiva¬mente através de Cristo Jesus, que nos é revelado através do evangelho. Nem a razão nem o “livre-arbítrio” podem conduzir os homens a Cristo, visto que a razão e o “livre¬-arbítrio” precisam da luz da lei para mostrar-lhes sua enfermidade. Paulo faz esta indagação em Gálatas 3. 19: “Qual, pois, a razão de ser da lei?” Entretanto, a resposta de Paulo a sua própria pergunta é o contrário da resposta que você e Jerônimo dão. Você diz que a lei foi dada a fim de provar a existência do “livre-arbítrio”. Jerônimo diz que ela tem o propósito de restringir o pecado. Mas Paulo não diz nada disso. Seu argumento todo é que os homens precisam de graça especial para combaterem contra o mal que a lei desvenda. Não pode haver cura enquanto a enfermidade não for diagnosticada. A lei é necessária para fazer os homens perceberem a perigosa condição em que estão, a fim de que anelem pelo remédio que se encontra somente na pessoa de Cristo.

Romanos 10:20 “E Isaías a mais se atreve e diz: Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim.”

Acredito que, aqui está uns dos argumentos mais forte de Lutero que ele usou, baseado na palavra de Deus. Ele começa dizendo: “Em Romanos 10:20, Paulo cita de Isaias 65:1: ‘Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui’. E conclui. Paulo reconhecia, por sua própria experiência, que ele não buscara a graça de Deus, mas a recebera apesar de sua furiosa cólera contra ela. Diz Paulo, em Romanos 9.30,3 1, que os judeus, que envidavam grandes esforços para observar a lei, não foram salvos por esses esforços, mas que os gentios, que eram totalmente ímpios, foram alvos da misericórdia de Deus. Isso demonstra claramente que todos os esforços do “livre-arbítrio” do homem são inúteis para a sua salvação. O zelo dos judeus não os conduziu a parte alguma, ao passo que os ímpios gentios receberam a salvação. A graça é gratuita¬mente ofertada a quem não a merece, nem é digno; não é conquistada por qualquer esforço que o melhor e mais justo dentre os homens tenha tentado empreender.”

João 6:44 “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

É nesta passagem, que Lutero mostra o que Jesus Cristo diz: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer”. Lutero argumenta dizendo que Isso não deixa qualquer espaço para o “livre-arbítrio”. E ele mostra como o Senhor Jesus passou a explicar como alguém é trazido pelo Pai:“Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (v. 45). A vontade humana, por si mesma, é incapaz de fazer qualquer coisa para vir a Cristo em busca de salvação. A própria mensagem do Evangelho é ouvida em vão, a menos que o próprio Pai fale ao coração e traga a pessoa a Cristo. Erasmo pretende suavizar o sentido claro desse texto ao comparar os homens a ovelhas, que atendem ao pastor quando este lhes estende o cajado. Argumenta que nos homens há alguma coisa que responde ao chamado do evangelho. Porém isso não acontece, porque quando Deus exibe o dom de seu próprio Filho a homens ímpios, estes não reagem favoravelmente antes que Ele opere em seus corações. De fato, sem a operação interna do Pai, os homens inclinam-se mais a odiar e perseguir ao Filho, do que a segui-Lo.

Postado por Elias Lima

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A Cidade de Deus e a Cidade dos homens

Durante a segunda guerra mundial os judeus e os povos conquistados pelos nazistas ficaram confinados a lugares subumanos, chamados guetos. Alguns filmes (como o pianista, a vida é bela, a lista Schindeler) poderiam dar uma boa visão da vida nos guetos. Ali os prisioneiros de guerra viviam a mercê do exército conquistador; suas casas, empregos, filhos ou filhas, tudo estava a disposição dos alemães. Eles viviam sem informações e sem esperanças. Ali era necessário aprender a ser quem eles não eram, sem poder expressar um mísero sentimento ou pensamento contrário aos seus algozes.


O cristianismo moderno parece viver nos guetos. A igreja está tomando o caminho combatido pela maioria dos reformadores, o isolacionismo. Os crentes mais se parecem reféns do mundanismo que sal e luz. Por causa desse separatismo exagerado, a igreja começa formar os seus guetos, ou seja, formar sua própria cultura, porém influenciada pelo mundo. O crente é advertido a não ouvir música mundana pois há estrelas evangélicas; não precisamos ir ao cinema pois temos a alternativa de filmes evangélicos; não devemos ler tal e tal livro pois precisamos ler a Bíblia e livros evangélicos. Dessa forma a igreja se torna um trampolim para a maioria de artistas não vocacionados na tentativa de ganhar fama e dinheiro.

Mas será que a atitude da igreja de viver nos guetos é normal? Os crentes devem continuar reféns da nossa sociedade moribunda? O que significa o conceito de separação nas sagradas escrituras e qual sua relevância para a igreja hoje?

Deus fez tudo perfeito (Gn. 1:31) sem a distinção do sagrado e secular. O trabalho era veículo da construção do reino de Deus pelo avanço da cultura e de uma civilização piedosa (Gn. 2:15). Não havia evangelismo. A família foi a instituição perfeita para expressar amor e união entre marido e mulher e receber os filhos como benção do Senhor (Gn. 1:28).


A queda trouxe mudanças em tudo. O trabalho deixou de ser feito com prazer para ser “fadiga e dor”. A benção da família ficou ofuscada pela maldição do parto doloroso; o marido e a mulher ficaram como rivais, disputando a liderança do lar; guerra entre marido e mulher, entre a semente da mulher e serpente, (Gn. 3:14-20). A família e o casamento não eram mais sagrados visto que a “casa dos ímpios” e a “casa dos justos” se distinguem. Deus removeu o paraíso para o céu, Gn. 3:24.

Ao ser expulso da cidade de Deus, o homem vive tentando construir sua própria cidade.

A construção da cidade dos homens.

Eva exclamou de alegria ter concebido “um varão, o Senhor”, i.e. o messias que restauraria a paz entre o homem e Deus Gn. 4:1-2. No entanto, este foi o assassino de seu irmão por querer agradar a Deus do seu jeito (4:4-5). Deus requeria sacrifícios assim como Ele fizera no jardim para os seus pais – Adão e Eva. Caim não se arrependeu, mas se irou com Deus. Caim não seria o messias, antes o pai de uma geração que odiaria Deus.

Deus preserva a Vida de Caim, mesmo que ele entendia a necessidade de ser vingado (4:14), foi amaldiçoado por Deus (4:11). Deus livrou Caim para edificar uma cidade (v.17). Os habitantes dessa cidade seriam: (a) criadores de gado ou nômades– v. 20; (b) peritos na música – v. 21; (c) peritos em ferro – v. 22; (d) o primeiro polígamo – v. 23; (e) artistas – v. 23.

A cidade dos homens é audaciosa e desafiadora de Deus – 11:1-9. Os homens estavam proibidos de entrar no Éden ou estabelecer um céu na terra. Babel era um prédio religioso. Assim como o pai da cidade dos homens recusou o meio correto para salvação, os construtores da torre recusaram confiar na promessa de Deus. No verso 4 e 8 fala do interesse dos construtores era edificar uma cidade. Ainda hoje a cidade dos homens prefere confiar na tecnologia a confiar nas mãos potentes de Deus. Os homens queriam subir e Deus preferiu “descer” (11:5). Hoje, com o auxilio do iluminismo, esquecemos que a salvação vem de Deus (Jonas 2:9) e assim confundimos que a construção terrena não é a reconstrução do paraíso. Todos impérios fracassaram nessa investida: Roma, Alemanha, EUA. Jesus diz: “o meu reino não é deste mundo” João 18:36.

A reconstrução da cidade de Deus.

A cidade de Deus não era mais edificada com árvores, rios e animais, mas com pessoas que estivessem dispostas a “invocar o nome do Senhor” – Gn. 4:25-26. Adão já buscava o Senhor através dos sacrifícios ensinados por Deus. Caim e Abel possuíam um princípio de invocar o Senhor, mas com Enos a invocação é plena e completa. Os seus descendentes passam a buscar o Senhor diferentes de Adão, Caim e Abel.

Os cidadãos dessa nova sociedade estão sujeitos a queda e ao fracasso espiritual – Gn. 6:1ss. Mas sempre restará um grupo perseverante nos caminhos de Deus – Gn. 6:29; 6: 8-10; 12:1. e.g. Noé e Abraão.


A cidade de Deus está no céu, mas os seus cidadãos estão na cidade dos homens. Até o dia de voltarmos para esta cidade, devemos usar nossa posição para honrar a Deus na liderança secular, e.g. Daniel e José não procuraram transformar seus cargos em catalisadores de transformação de reino humano em teocracia Bíblicas como Israel foi (ou Calvino em Genebra e os Anabatistas radicais em Münster, Alemanha). Pelo contrario, seguiram sua vocação no mundo com excelência e diligencia, ganhando respeito daqueles regentes estrangeiros e melhorando as vidas daqueles sobre quais exerciam autoridade (1 Ts. 4:11). Os crentes são santos por pertencerem a Cristo e não por estar numa esfera da igreja; contudo, vivem no âmbito profano ou comum. Espera-se a diferença na sua crença e procedimento, atitudes e estilo de vida; mas, não se espera que os crentes convertam o ambiente secular em sagrado. e.g. Daniel e José tomavam decisões baseado nas leis babilônicas e egípcias e não judaicas.

Diante de tudo isso, como o cidadão da cidade de Deus deve viver na cidade dos homens?

Como operários do grande mosaico de Deus. Todo nosso trabalho deve ser feito para a glória de Deus. 1 Ts. 4:11; assim como o mosaico é feito de pedaços geometricamente diferentes, também a obra de Deus. Não está na obra de Deus somente quem trabalha na igreja, mas todo que considera e dedica seus afazeres parte de sua adoração a Deus, 1 cor. 10:31; Col. 3:23.

Como proclamadores das virtudes de Deus. 1 Pe. 2:9-10; 3:15.

Como peregrinos. Há um grande risco de viver em dois mundos: ser monges eremitas ou se misturar com as alfarrobas do mundo. Deus não nos chamou para o isolacionismo nem para o mundanismo, porém para ser sal da terra e luz do mundo. Um dos grandes desafios do cristão é viver numa sociedade totalmente diferente de sua real pátria. Abraão peregrinou pela fé porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador Hebreus 11:9-10.

Nas palavra do hino “a bela cidade”:

Tenho lido da bela cidade,
construída por Cristo nos céus;
é murada de jaspe luzente
e juncada com áureos troféus
e no meio da praça eis o rio do vigor e da vida eternal;
mas metade da glória celeste jamais se contou ao mortal


Tenho lido das belas muralhas
que Jesus foi no céu preparar,
onde os crentes fiéis para sempre mui felizes irão habitar.
Nem tristeza nem dor nem gemidos entrarão
na mansão paternal;
mas metade da glória celeste jamais se contou ao mortal

Tenho lido das vestes brilhantes
das coroas que os santos terão
quando o pai os chamar e disser-lhes:
Recebei o eternal galardão.
Tenho lido que os santos na glória
pisarão ruas de ouro e cristal;
mas metade da glória celeste jamais se contou ao mortal

Postado por Francimar

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Lutero e a Escravidão da Vontade - Parte I

Introdução

“A escravidão da vontade”, de onde o resumo “Nascido Escravo” foi tirado, foi escrita por Martinho Lutero como reação aos ensinamentos de Desidério Erasmo. O qual era um humanista, pois acreditava que os homens podem conquistar a salvação, ao invés de dependerem exclusivamente de Jesus Cristo – em Sua morte e ressurreição. Erasmo nasceu entre 1466–1469 em Rotterdam, na Holanda. Ele foi monge agostiniano durante sete anos, e isto aconteceu antes de viajar para Inglaterra, onde fora motivado a aprofundar seu conhecimento do grego, chegando a produzir um texto crítico do Novo Testamento grego (1516). Rejeitava os métodos fantasiosos de interpretação das Escrituras, bem como as superstições dos mestres da Igreja Católica Romana. Erasmo sempre preferia uma abordagem simples do ensinamento Cristão aos complicados e pormenorizados métodos dos teólogos profissionais. Ele evitava as controvérsias, e, por longo tempo, não procurou tratar publicamente sobre o conceito do “livre-arbítrio”. No verão de 1523, contudo, Ulrico Von Hutten, outro humanista alemão, forçava Erasmo a se posicionar. Acusava-o de fugir a posicionamentos claros em relação à Reforma e de estar-se distanciando dela.


O posicionamento de Erasmo veio com uma clareza em nada esperada por Lutero. Em princípios de Setembro de 1524, Erasmo de Roterdã publicou sua “Diatribe sobre o livre arbítrio”. Nela posicionou-se abertamente contra uma afirmação central da teologia de Lutero: “sua antropologia. Desafiando desta forma a solicitação de Lutero para que não fizesse tal coisa. Depois da publicação, Erasmo escreveu a Henrique VIII nestes termos: “Os dados foram lançados. O livreto sobre o ‘livre-arbítrio’ acaba de ver a luz do dia”. Tal livreto agradou ao papa e ao Sacro Imperador Romano, e foi elogiado por Henrique VIII. Com essa publicação Lutero teve que se posicionar. Para ele estava claro que a questão era fundamental, mas seria difícil responder a tão indouto livro de douto autor. Lutero sabe, porém, que não poderá esquivar-se de resposta. Amigos instam-no para tanto. As primeiras reações de Lutero apareceram no prefácio à tradução do Eclesiastes, na sua opinião um escrito contra o livre-arbítrio. Em pregação de 9 de outubro de 1524, descreve a impotência do ser humano aprisionado pelo diabo: “Tu és cavalo, o diabo te cavalga.” Só Cristo pode libertar do poder do diabo. Em carta a Espalatino, de 1º de novembro de 1524, confessa que, enojado, não conseguira ler mais do que duas páginas do livro de Erasmo. A resposta , porém, a ser dada a Erasmo, tem que esperar, por várias razões, por exemplo a Guerra dos Camponeses e o próprio casamento de Lutero com Catarina de Bora. Mas por fim foi a pedido de sua esposa que vai, finalmente, elaborar a resposta a Erasmo, O texto é publicado em 31 de Dezembro de 1525.

Em muitos sentidos, porém, a discussão entre Lutero e Erasmo não passou de episódio, pois não provocou o debate das massas, mas colocou-o no centro da discussão da intelectualidade. Essa discussão não foi concluída. Em seu centro está a concepção humanista e reformatória do ser humano.

I. Lutero mostra o que a Bíblia ensina sobre o livre-arbítrio

Romanos 1:18 “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça

Paulo ensina que todos os homens, sem qualquer exceção, merecem ser castigados por Deus. “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça.” Se todos os homens possuem “livre-arbítrio”, ao mesmo tempo em que todos, sem qualquer exceção, estão debaixo da ira de Deus, segue-se dai que o “livre-arbítrio” os está conduzindo a uma única direção — da “impiedade e da iniqüidade”. Por¬tanto, em que o poder do ‘”1ivre-arbítrio” os está ajudando a fazer o que é certo? Se existe realmente o “livre-arbítrio”, ele não parece ser capaz de ajudar os homens a atingirem a salvação, porquanto os deixa sob a ira de Deus. Algumas pessoas, no entanto, acusam-me de não se¬guir bem de perto a Paulo. Eles afirmam que as palavras dele, “contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” não significam que todos os seres humanos, sem exceção, estão culpados aos olhos de Deus. Eles argumentam que o texto dá a entender que algumas pessoas não “detêm a verdade pela injustiça”. Entretanto, Paulo estava usando uma construção de frase tipicamente hebraica, que não deixa dúvida de que ele se referia a impiedade de todos os homens. Além do mais, notemos o que Paulo escreveu ime¬diatamente antes dessas palavras. No versículo 16, Paulo declara que o evangelho é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”. Isso significa que, não fosse o poder de Deus conferido através do evangelho, ninguém teria forças, em si mesmo, para voltar-se pára Deus. Paulo prossegue, asseverando que isso tem aplicação tanto aos judeus quanto aos gentios. Os judeus conheciam as leis di¬vinas em seus mínimos detalhes, mas isso não os poupou de estarem debaixo da ira de Deus.

Lutero mostra com base nesse versículo que quanto mais o “livre-arbítrio” se esforça, tanto piores tornam-se as coisas, e que ninguém tem a capacidade de voltar-se para Deus. Deus precisa tomar a iniciativa e revelar-se a eles, e que se fosse possível ao “livre-arbítrio” dos homens descobrir a verdade, certamente algum judeu, em algum lugar, tê-lo-ia feito! E que nem os mais elevados raciocínios dos gentios e os mais intensos esforços dos melhores dentre os judeus (Rm 1:21; 2:23,28,29) não conseguiram aproxima-los nem um pouco sequer da fé em Cristo.

Postado por Elias Lima

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Spurgeon e Seu Pensamento sobre Israel e a Igreja

Embora o príncipe dos pregadores tenha afirmado que era um calvinista, porque acreditava que João Calvino fora coerente com as doutrinas bíblicas, Ele, no entanto, não seguia tudo aquilo que o grande reformador e a maioria dos calvinistas históricos acreditavam, isto é, no que tange a Escatologia. Isto fica evidente, através de uma leitura nos escritos e nos sermões de Spurgeon, os quais demonstram claramente que ele era um pré-milenista histórico. O herdeiro dos puritanos, diferente daqueles (os puritanos), acreditava que o Senhor Jesus Cristo inaugurará a era do milênio com o Seu advento, o qual também reinará pessoalmente com os Seus santos sobre a terra durante aquele período. Acreditava também que haverá ressurreição, tanto de justos como de injustos, porém, não simultaneamente, mas sim, separadas, primeiro a dos justos, antes do milênio e depois a dos injustos, após os mil anos.[1]

Na história da Igreja pode-se perceber que os maiores teólogos da igreja, tais como: Agostinho, Lutero e Calvino, não eram pré-milenistas, e sim, amilenistas. Santo Agostinho, de quem Spurgeon acreditava ter Calvino aprendido as doutrinas bíblicas, é comumente aceito como aquele que silenciou o pré-milenismo e passou a defender uma interpretação amilenista do capítulo 20 de Apocalipse, ou seja, interpretou os mil anos como a era da Igreja.[2] O próprio Calvino foi completamente contra qualquer conceito de um reino terreno de Cristo de mil anos literais:



Mas um pouco adiante seguiam os chiliasts, que limitavam o reino de Cristo a mil anos. Agora sua ficção é ingênua demais para necessitar ou valer a pena uma refutação. E o Apocalipse, do qual eles indubitavelmente tiraram um pretexto para seu erro, não os apóia, pois o número “mil” não se aplica à bem-aventurança eterna da igreja, mas somente às várias turbações que esperavam a igreja, enquanto ainda trabalhando na terra. Pelo contrário, as Escrituras proclamam que não haverá fim nem para a felicidade do eleito, nem para a punição do ímpio (Mt. 25:41, 46).[3]


Esta visão está implícita nos credos históricos primitivos do Cristianismo. Ela foi sustentada pelos maiores teólogos da Igreja. Teólogos Reformados mais recentes também têm esposado esta visão: Abraham Kuyper, H. Bavinck, Louis Berkhof, Anthony A. Hoekema, Jay E. Adams, William Hendricksen dentre outros.[4] Além do mais, esta é a posição das Confissões Reformadas.


Porém, é bom ressaltar que Spurgeon, como pré-milenista histórico que era, não entendia uma separação entre Israel e igreja, como os pré-milenistas modernos vêem hoje. Isto fica bem claro em um de seus sermões pregados em Hebreus 13:8, cujo título é Jesus Christ Immutable (Jesus Cristo Imutável). Veja o que ele diz:


Distinções foram feitas por certos homens excessivamente sábios (medidos pela estimativa de si mesmos), entre o povo de Deus que viveu antes da vinda de Cristo, e aqueles que viveram posteriormente. Temos até ouvido afirmações de que aqueles que viveram antes da vinda de Cristo, não pertencem à igreja de Deus! Nós nunca sabemos o que vamos ouvir depois, e talvez seja uma mercê que estas absurdidades são reveladas de cada vez, a fim de que sejamos capazes de aturar a sua estupidez sem morrer de admiração. Cada filho de Deus em todo lugar está no mesmo patamar; o Senhor não tem alguns filhos que ama mais, alguns que são da geração de segundo grau, e outros que Ele dificilmente cuida. Estes que viram o dia de Cristo antes que o mesmo chegasse, tinham uma grande diferença quanto àquilo que eles sabiam, e talvez na mesma medida uma diferença quanto àquilo que desfrutavam enquanto na terra em sua meditação sobre Cristo; mas eles todos foram lavados no mesmo sangue, todos redimidos com o mesmo preço de resgate, e feitos membros do mesmo corpo. Israel no pacto da graça não é o Israel natural, mas todos os crentes de todas as eras. [5]




[1] C.H. Spurgeon, The Saint & His Savior, p. 154. V. tb. C. H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 10, p. 350; vol. 11, p. 307; vol. 36, p. 317; vol. 39, p. 169; vol. 50, p. 169; vol. 56, p. 39; C. H. Spurgeon, The Treasury Of David, vol. 3, p. 903.


[2] Martyn Lloyd-Jones. Grandes Doutrinas Bíblicas, p. 248. A passagem chave sobre o Milênio defendida por Santo Agostinho, pode ser encontrada em: AGOSTINHO, The City of God. In: Schaff (ed). Augustine: City of God, Christian Doctrine [Agostinho: A cidade de Deus, A doutrina cristã]. The Nicene and Post-Nicene Fathers, vol. 2. Book 20, chapters 6-10.


[3] John Calvin. Institutes of the Christian Religion, vol. 3, cap. 25, p. 488.


[4] R. C. Sproul. Os Últimos dias Segundo Jesus, p. 163.


[5] C.H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 15, p. 11.

Postado por Elias Lima

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Antigo Testamento vale o esforço de ser lido?

Baseado no livro de Philip Yancey
A Bíblia que Jesus lia

Há textos que parecem não ter qualquer conexão com a vida do homem moderno. 1Cr. 26:18; Sl 137:8,9. As duas barreiras principais para a leitura do ATp e que ele nem sempre faz sentido e quando faz agride o ouvido. Lutas sangrentas, posse de terra, pena de morte, etc. é uma identidade dos povos ocidentais – missionários tem constatado isso.

Essa ignorância do AT produz crentes sem fundamentos. “pesquisas mostram que 80% dos americanos afirmam crer nos 10 mandamentos, mas poucos conseguiram citar, no máximo quatro deles. A metade de todos os americanos adultos não consegue identificar Gênesis como o primeiro livro da bíblia. E 14% identifica Joana D´Arc como a mulher de noé”.

Razões por que ler o antigo testamento:

Nenhum testamento é bastante em si mesmo
.

Imagine por um momento como entender Hebreus, Judas ou apocalipse sem consultar alusões, conceitos ou personagens do AT. Os evangelhos e as cartas lançam luz sobre o passado para apontar o futuro da igreja.

Jesus achou importante todo o AT. Ele o citava para resolver controvérsias. Usou figuras para definir a si mesmo. O AT era o livro de orações que Jesus fazia, das canções de ninar que sua mãe cantava, os poemas que memorizava, das profecias sobre as quais refletia. Valorizava cada jota e til.

Ele prega as escrituras do AT – Lc 24:25-27.

Para descobrir como o mundo gira em torno de Deus.

Se tivéssemos somente os evangelhos, a imagem de Deus seria fraca e humana, pois Jesus termina morrendo numa cruz. Precisamos das cartas que interpretam esse fato. Mas também precisamos do AT que antevê e prepara o povo para tal fenômeno.

O AT anuncia a mensagem de que o mundo inteiro gira em torno de Deus e não de nós. Deviam consagrar o primogênito, deviam amarrar a lei à testa e no braço, colocavam lembretes visíveis nos umbrais das portas, bendiziam a Deus três vezes por dia, usavam corte de cabelo e barba diferenciado, costuravam franjas em suas roupas, tinham um calendário voltado para Deus, páscoa/penteconsteste/expiação/luas/sabat, sua dieta era por causa de Deus. ‘para quem não amava a Deus, Israel era um lugar insuportável’.

O mundo moderno passa uma semana, um mês sem ter um lembrete sequer de que esse mundo é de Deus.

Para descobrir que Deus é bom.

Os judeus repetiam sempre: “Daí graças ao Senhor, pois ele é bom, porque o seu amor dura para sempre”. Contudo, o mundo parece colocar em xeque essa afirmação, mesmo nos dias dos judeus bíblicos: guerras, catástrofes, pestes, mortes, doenças, fatalidades, etc.

Deus age muito diferente do que poderíamos imaginar. Depois da queda, a solução de Deus é usar uma tribo (útero da encarnação) desconhecida para restaurar o mundo. O ex pagão é chamado para encabeçar esse projeto. Depois de prometer terra e filhos, três gerações de mulheres estéreis. Daí vem o cativeiro egípcio. O modo de Deus evangelizar o mundo através dos judeus parece falhar. Ao ponto dEle deixar de lado o seu povo e trabalhar num novo projeto: a igreja.

O AT dá um vislumbre do tipo de história que Deus está escrevendo e valoriza. Ele registra o nome de duas parteiras mas não o do Faraó. Em 1 Reis dedica oito versículos a Onri um dos reis mais importantes de Israel. “Deus não se impressiona com tamanha, poder ou riqueza. Fé é o que ele está esperando, e os heróis que vemos surgir são heróis da fé, não de poder ou riqueza”. Deus não se preocupa em dar detalhes aos atos invencíveis de nabucodonozor, mas de Daniel; não dá a mínima a Artaxerxes, mas dedica um livro a fidelidade de Ester; cita raríssimas vezes César, mas destaca incansavelmente o nome e atos de seus heróis profetas, apóstolos, mártires, diáconos, etc.

Para descobrir as companhias de Deus.

É possível saber muito de uma pessoa ao observar os amigos que ele escolhe. Abraão mentiu pela esposa, Jacó enganou o irmão, Moisés cometeu assassinato, Davi matou e adulterou, contudo, esses estão no topo da galeria de Deus. Israel é o povo que primeiro luta com Deus e depois com os povos para falar e demonstrar esse Deus.

Deus aceita ouvir os murmúrios de seus amigos, jó, Jeremias, Jonas, Moisés, Abraão, mas não suporta os rebeldes e descrentes. “É evidente que Deus prefere discordância sincera a submissão insincera”.

Nas religiões orientais antigas os seres humanos eram feitos para servir aos deuses em seus caprichos e satisfazer seus desejos. Deus situa o homem no ápice da criação. E por isso tudo que o homem faz no mundo mexem com Deus.

O AT nos faz pensar que mesmo indigno, podemos ser enquadrado na lista de amigos de Deus. No AT podemos nos identificar com Jó, Jacó, o pregador de Eclesiastes, com os salmistas, Enoque, Jeremias. “A vida com Deus é um assunto pessoal e dificilmente fórmulas gerais servem para alguma coisa”.

Pastor Francimar, Casa Nova - BA

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Urgência da Pregação



Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.


A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.
Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.
No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.
Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.
Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.
Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.
Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.
O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?
É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.
Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.
Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros — On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).
Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.
O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.
Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.
Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.
Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.
O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês:
The Urgency of Preaching.http://www.albertmohler.com/

terça-feira, 25 de agosto de 2009

REFLEXÕERS SOBRE O ABANDONO DA MORAL

A edição brasileira de The abolition of man, publicada pela editora Martins Fontes, trás como subtítulo Reflexões sobre a educação, especialmente sobre o ensino de inglês nas últimas séries. A obra faz parte de uma coletânea de títulos de C. S. que foram publicados por essa editora. As outras são Cristianismo puro e simples, Cartas de um diabo a seu aprendiz e Os quatros amores. Nesse opúsculo, como sugere o subtítulo da edição brasileira, o pensador irlandês analisa as conseqüências a longo prazo de uma educação que exalta o sentimentalismo e o instinto. Em certo sentido, a obra é surpreendente, pois, mesmo sendo pouco volumosa, consegue tratar o assunto com bastante profusão.

A obra está dividida em três partes. No primeiro capítulo, o autor demonstra que a finalidade dos novos princípios educacionais que estão sendo propagados é formar homens sem peito. O peito, segundo a análise do autor de As crônicas de Nárnia, é o elemento responsável pela ligação entre o homem cerebral e o homem visceral, entre o intelecto e o instinto. Sem esse elemento, o homem seria ou um espírito ou um animal, perderia uma das características essenciais de sua humanidade. Lewis principia sua análise fazendo alusão a um suposto livro que lhe foi enviado e que, segundo ele, contem os princípios dessa nova educação. Para preservar a identidade dos autores, Lewis denomina-os Gaius e Titius e a referida obra de O livro verde. Segundo esses autores, quando um homem afirma, por exemplo, que uma cachoeira é sublime, ele está dizendo apenas que possui sentimentos sublimes. Em outras palavras, ele não está emitindo um juízo de valor, mas demonstrando que é capaz de ser afetado por uma beleza natural. Para o pensador irlandês, essa posição levaria a absurdos evidentes. “Aceitá-la seria o mesmo que dizer que a frase ‘você é desprezível’ significa ‘eu tenho sentimentos desprezíveis” (p. 3). No desenrolar desse capítulo, o autor de Cristianismo puro e simples apresentará críticas severas ao livro verde. Na página seis, por exemplo, o pouco valor literário da obra é denunciado. Na página seguinte, ele acrescenta que, através dessa obra, as crianças não aprenderão nada de literatura. Como se não bastasse, os efeitos para a formação dessas crianças serão danosos. Elas desenvolverão “a crença de que todas as emoções associadas a lugares são em si mesmas contrárias a razão e por isso desprezíveis”. (p. 9). Lewis fundamenta a sua crítica demonstrando como O livro verde contraria a própria finalidade da educação. Já nos dias de Aristóteles essa tarefa tinha como alvo levar o aluno a gostar e desgostar daquilo que era certo gostar e desgostar. A educação propagada por Gaius e Titius, baseada no sentimentalismo e no instinto, atrofiava o senso moral dos alunos. No final do capítulo, Lewis acrescenta à sua crítica certa dose de ironia. Segundo ele, guiados pelos princípios educacionais do livro verde, “produzimos homens sem peito e esperamos deles virtude e iniciativa, caçoamos da honra e nos chocamos em encontrar traidores entre nós, castramos e ordenamos que os castrados sejam férteis”.

Lewis inicia o segundo capítulo em tom bastante ameaçador. Segundo ele, “o resultado da educação feita nos moldes do Livro verde será inevitavelmente a destruição da sociedade que a aceitar” (p. 25). De fato, nesse capítulo, o pensador irlandês concentrará sua crítica na conseqüência principal dessa nova educação: o desenvolvimento de uma moral subjetiva. Analisar todas as teorias de moral subjetiva seria uma tarefa bastante enfadonha e que certamente fugiria ao propósito da obra. Sendo assim, o pensador irlandês elege o instinto para alvo de sua crítica. Na sequência, o autor de O problema do sofrimento apontará pelo menos quatro problemas em uma moral baseada no instinto. Lewis baseia a sua argumentação crítica na natureza do instinto. Em primeiro lugar, marcado quase sempre por um desejo irracional de satisfação. Em segundo lugar, o caráter insaciável do instinto exige que um instinto seja sempre sucedido por outro, o que, logicamente, levaria ao absurdo de uma série infinita de instintos. Em terceiro lugar, há instintos variados, os quais, em muitas situações, estão em guerra entre si. Por conseguinte, argumenta o pensador irlandês, “dizer que devemos obedecer ao instinto é como dizer que devemos obedecer às ‘pessoas’. As pessoas dizem coisas diferentes, e assim também os instintos”. (p. 34). Por fim, o mero instinto não é capaz de realizar um julgamento parcial por conta do seu componente afetivo. Segundo uma ilustração empregada pelo próprio Lewis, se o juiz é uma das partes julgadas, o seu julgamento não possui nenhuma validade.

Ainda no capítulo dois, Lewis introduz o conceito de Tao. Por Tao ele compreende a consciência moral presente no homem, aquilo que outros poderiam designar de lei natural, moral tradicional, primeiros princípios da razão prática, etc. A nova educação apresentada pelo Livro verde constitui-se em um ataque direto ao Tao. Há, não obstante, contradições evidentes na proposta apresentada pelos inovadores. Em primeiro lugar, eles atacam o Tao, mas para isso, precisam recorrer aos valores encontrados no próprio Tao. De fato, conclui Lewis, “se o Tao sai de cena, saem com ele todas essas concepções de valor”. (p. 40). Em segundo lugar, uma revolução no interior do Tao é algo que não encontra base histórica. Isso porque, segundo a análise do pensador irlandês, nunca houve e nem haverá um valor radicalmente novo na história do mundo. Quando há inovações, elas partem de fragmentos do próprio Tao. “É de dentro do Tao que emerge a única autoridade para modificá-lo”. (p. 45). De outro modo, é preciso compreender o Tao para poder modificá-lo, e só compreende quem o pratica. Em terceiro lugar, uma rebelião contra os princípios do Tao é uma espécie de rebelião dos galhos contra a árvore. Sem perceber, os rebeldes estão se auto-destruindo. Por fim, para Lewis, seria tão absurdo tentar criar valores radicalmente novos que seria o mesmo que tentar criar uma nova cor primária ou um novo sol e um novo céu no qual ele se mova.

No terceiro capítulo três Lewis fala da abolição do homem propriamente dita. O curioso dessa abolição é que ela surge exatamente em um momento em que o homem, guiado pela ciência e pela razão, afirma ter conquistado a natureza. Segundo o pensador irlandês, pelo fato de ter abandonado o Tao, a conquista final do homem tornou-se a sua própria abolição. De fato, há uma relação intrínseca entre a humanidade e o Tao. De modo que, sem esse princípio, o homem tem parte de sua essência subtraída. Nas palavras do autor de Anatomia de uma dor, “só há duas possibilidades: ou somos espíritos racionais obrigados para sempre a obedecer aos valores absolutos do Tao, ou então não passamos de uma mera natureza a ser manuseada e esculpida em novas formas para o deleite dos mestres, que por sua vez serão motivados unicamente por seus impulsos naturais” (p. 69). Lewis deixa claro que não e contra o avanço científico. De fato, a sua preocupação é com um conhecimento que esteja relacionado ao Tao. Segundo ele, quando o laço entre ciência e moral for dissolvido, o conhecimento também perecerá e o processo de abolição do homem terá sido completado.

No final da obra Lewis apresenta um apêndice onde são alistados fragmentos de vários códigos de ética. O seu objetivo com isso é demonstrar o caráter universal da lei natural (Tao). Obras como O livro dos mortos, Os analectos, Críton, Instituições, De officiis, entre outras, são mobilizadas pelo pensador irlandês. Princípios como justiça, caridade, verdade, honestidade, misericórdia e magnanimidade, são encontrados nos grandes códigos morais ao longo da história humana.

A obra A abolição do homem apresenta uma análise contundente das conseqüências de uma moral baseada na subjetividade e no instinto, bem como o abismo que espreita o homem contemporâneo, por ter este último abandonado aquilo que lhe prescreve as leis do Tao, por ter abandonado a moral objetiva e mergulhado no subjetivismo. Deve ser reconhecido que Lewis demonstra bastante profusão no tratamento do assunto. O seu conhecimento da literatura moral, seja ela oriental ou ocidental, é invejável. O referencial bibliográfico do pensador irlandês é tão amplo que ao nos depararmos com determinadas obras citadas por ele, por um momento, ficamos surpresos por saber que elas existem.

Há, contudo, algumas deficiências na obra que precisam ser destacadas. Do ponto de vista estrutural, a falta de elementos transitivos entre os capítulos compromete a coerência interna da obra. De fato, é só com muita dificuldade que é possível perceber a relação entre os capítulos. Por um momento podemos ser levados a pensar que, originalmente, o autor publicou os capítulos como artigos independentes. Essa possibilidade é fortalecida quando se constata que o livro não apresenta uma introdução e muito menos uma conclusão.

No que concerne ao conteúdo da obra, deve ser dito que Lewis foi infeliz ao eleger o conceito de Tao para se referir ao princípio da moralidade. O Tao é um conceito típico das religiões orientais, principalmente do Taoísmo, de modo que, aquele que desejar fazer uso dele, deverá, antecipadamente, justificar a sua adoção. Deverá demonstrar com bastante clareza em que sentido empregará o conceito em sua discussão. Caso contrário, o leitor será levado a pensar que o autor aceita todas as implicações de tal conceito. Lewis não foi cuidadoso em relação a isso. No Tao te Ching, o Tao se confunde, a própria idéia de Deus. Estaria C. S. Lewis de acordo com esse pensamento? Mesmo na ética confuciana, de onde Lewis parece extrair o conceito do Tao, essa confusão está presente.

REFERÊNCIA:

LEWIS, C. S. A abolição do homem, ou, Reflexões sobre a educação, principalmente sobre o ensino de inglês nas últimas séries. São Paulo: Martins Fontes, 2005.


Postado por J. Marques

terça-feira, 11 de agosto de 2009

a alegria do evangelho

A alegria do evangelho – 1 Tessalonicenses 1

Muitas coisas na vida nos trazem alegria: O casamento; o nascimento de um filho; a compra de um bem a muito desejado; um presente fora de época; a notícia de um final de campeonato vitorioso; fazemos um culto de ações de graça pela nossa formatura ou a recuperação de saúde de alguém; etc.
Contudo, há uma notícia que deveria nos trazer muito maior alegria: o evangelho e sua operosidade na vida das pessoas. Não resta dúvida que Deus se alegra quando as coisas vão bem conosco, mas não há uma festa no céu quando compramos um carro ou quando nasce um filho em nossa família; ou quando nosso time ganha o campeonato. O único acontecimento que causa essa alegria especial em Deus é: na conversão de pecadores através de seu evangelho.
A situação evangélica está fora de sintonia com Deus, pois a alegria das igrejas modernas se resume na prosperidade e ‘bençãos materiais’. A felicidade na propagação do evangelho autentico não é a marca da maioria das igrejas.
O apóstolo aos gentios sentiu grande alegria com a chegada do evangelho na cidade dos tessalonicenses. E creio, deveria ser essa também a nossa perspectiva.

O evangelho causa grande alegria.

Nos pregadores. V 1-5

Ele chama a igreja “em Deus pai e no Senhor Jesus Cristo”, i.e. na esfera de Deus e de Cristo.
A alegria do evangelho nos pregadores é manifestada: Dando graças. v 2a. Os apóstolos davam graças a Deus pelos convertidos. Corremos um risco muito grande de não louvar a Deus pelos que são salvos e louva-lo apenas pelas bênçãos materiais (bens, saúde, etc) e esquecemos o que de fato alegra o coração de Deus, i.e. a conversão dos perdidos. A exemplo dos missionários, devemos fazer coro na festa do céu com a conversão de pecadores.
A alegria do evangelho nos pregadores é manifestada: Orando. V 2b. Outro perigo que caímos é esperar que os novos convertido cresçam por si mesmos, sem o auxilio espiritual. Uma responsabilidade que temos é orar pelos que entregam suas vidas ao Senhor. Sem esquecer que a oração é sem cessar!
A alegria do evangelho nos pregadores é manifestada: Recordando a fé, o amor e a esperança. v 3. Paulo relembra aos irmãos: a fé gera trabalho; o amor gera abnegação; a esperança gera firmeza.
A alegria do evangelho nos pregadores é manifestada: reconhecendo a eleição através da pregação e do Espírito Santo. V 4-5. Paulo reconhece que a palavra de Deus não foi recebido simplesmente como palavra, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção.

O evangelho causa grande alegria.

Nos seguidores.

A alegria do evangelho nos seguidores é manifestada: Imitando o exemplo da fé. V 6. Imitador, alguém que imita, segue o exemplo ou ensino de outro. A igreja seguiu o exemplo dos apóstolos, do Senhor, em meio a muitas aflições com alegria do Espírito Santo. Esses crentes não seguiram o exemplo com pesar, tristeza ou desanimo, mas alegres.
A alegria do evangelho nos seguidores é manifestada: Tornando-se modelo. V 7-8. A igreja logo se tornou o padrão, modelo, exemplo para os crentes de outras igrejas; A palavra de Deus na vida dos irmãos repercutiu, lit. ecoou continuamente como o som de uma trombeta. Como é bom ouvir boas noticias da igreja de Cristo; contudo, o que caracteriza nossa época é o escândalo, e não a edificação. O exemplo dessa igreja continua um modelo para os crentes do século 21.
A alegria do evangelho nos seguidores é manifestada: Convertendo-se a Deus dos ídolos. V 9. Lit. se converteram a Deus dos ídolos para servir. Infelizmente, há muitos crentes cheios de ídolos no coração. Vários empecilhos de servir ao Deus vivo e verdadeiro.
A alegria do evangelho nos seguidores é manifestada: Servindo a Deus. A nossa conversão significa mudança de senhor. Nesse mundo sempre seremos servo de alguém, cabe a nós escolher nosso senhor.
A alegria do evangelho nos seguidores é manifestada: Aguardando a vinda do Senhor. Nenhum cristão será completo se não viver como peregrino nesse mundo, sabendo que logo será arrebatado e levado para sua verdadeira pátria; por isso, aguardamos a vinda do Senhor Jesus. Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

O que causa alegria no seu coração?

Pr. Francimar Lima
Casa Nova - BA

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Espera no SENHOR

“Descansa no Senhor e espera nele...” Salmo 37:7
Vivemos em dias corridos. Parece até que não tem mais 24 horas. A comida que preferimos é o fast food. Ninguém tem mais tempo para esperar. Se o carro da frente não se movimentar quando o sinal abre, disparamos logo a buzina. A impaciência toma conta de todos. É uma mal da pós-modernidade.
Este mal atinge em cheio nosso relacionamento com Deus. Muitos já chegaram a duvidar do cuidado de Deus por conta de Sua “suposta” demora. Mas não foi Deus quem demorou, foi a pessoa que era impaciente. Por isso precisamos aprender a esperar no Senhor.
O versículo que citamos acima fala do esperar em Deus. Estas são palavras do rei Davi. Ele havia aprendido a esperar e confiar no SENHOR. São muitos os fatos na vida do homem segundo o coração de Deus que comprovam esta verdade.
Podemos dizer que a grande espera de Davi foi chegar ao trono de Israel. Em 1Samuel 16:12-13, encontramos o profeta Samuel ungido o jovem filho de Jessé como rei. O trono, porém, não veio no mesmo instante nem no outro ano. Davi primeiro tangeu harpa para Saul, lutou contra Golias, foi perseguido e traído pelos seus compatriotas, e até se fez de doido. Haja paciência! Davi não ficou cobrando de Deus agilidade, nem chegou ao trono quando teve oportunidade de matar Saul duas vezes. Ele simplesmente esperou no SENHOR. Então, depois de uns 15 anos, ele sobe ao trono (2Samuel 2:1-4). Contudo, seu reinado era apenas sobre a tribo de Judá. Ele precisou esperar mais sete anos e meio (2Samuel 5:4-5) para ser rei de todo o Israel. Faça as contas e veja o quanto o ex-pastor de ovelhas precisou esperar. O tempo de Deus havia chegado.
Quando lembramos destes fatos, lemos o salmo 37 de forma diferente (leia, por favor). São palavras de um homem que tinha experimentado o que está dizendo. Não é teoria, é realidade. É encorajador.
Irmãos, aprendamos a esperar no SENHOR. Talvez você esteja pensando que já era tempo daquele emprego ter chegado, ou daquela enfermidade ter ido embora. Talvez você já tentou o vestibular três vezes, e ainda não foi aprovado. Talvez pense que já era tempo de arrumar um namorado. Qualquer quer seja sua espera, simplesmente confie no tempo e no plano soberano de Deus, e o mais ele fará. Se tiver dificuldades de pensar assim, traga à memória o exemplo de Davi.
Uma boa espera para todos.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

ORAÇÃO E MISSÕES: Tornando A Oração Um Meio Eficaz De Fazer Missões - Parte 2

INTRODUÇÃO

Quando lemos os relatos biográficos acerca de Jorge Whitefield, Davi Branerd, Jorge Müller, Hudson Taylor e C.H. Spurgeon, além de muitos outros, ficamos convencidos do papel importante que a oração exerce no sucesso missionário.
É dito sobre Jorge Whitefield que uma multidão de 10 mil pessoas respondeu ao apelo para se entregar ao Salvador, sua biografia também relata que ele era um homem de oração. Através da oração e do jejum as portas foram abertas para Davi Branerd pregar e conduzir a Cristo muitos índios em várias tribos nas florestas dos Estados Unidos. Pela oração e fé as portas foram abertas para Jorge Müller abrigar milhares de crianças no orfanato, e conduzi-las a Cristo, além de realizar em prol do evangelho outros trabalhos. Hudson Taylor, criador da Missão do Interior da China, pela oração suplicou a Deus por mais obreiros, e Deus mandou, suplicou pela abertura de porta à palavra e Deus abriu, de modo que várias igrejas foram estabelecidas por Hudson Taylor na China. Sobre o êxito de Spurgeon, é dito que o príncipe dos pregadores era, antes de tudo, o príncipe de joelhos.
No último estudo que falamos sobre a relação entre oração e missões, aprendemos que quando oramos por mais obreiros, estamos fazendo da oração um meio eficaz de fazer missões. Entretanto, esta relação não se limita à oração por obreiros, pois, destacaremos aqui outro meio bíblico, prático e indispensável de relacionar oração e missões.


ORANDO POR ABERTURA DE PORTA À PALAVRA

Na ocasião em que Jesus assegurou a fundação da igreja, apesar de assegurar também seu crescimento e expansão, ele reconheceu a existência da portas fechadas, mas garantiu que seriam abertas: “...e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).
Podemos dizer de antemão, que a oração é a chave para Jesus cumprir sua garantia e abrir portas para o crescimento da igreja. Para que essa idéia não fique só no campo da conjectura, gostaria de apresentar pelo menos dois textos bíblicos onde ela pode ser encontrada.

Um Pedido De Oração
Na sua epístola aos Colossenses, Paulo faz a seguinte exortação e pedido aos irmãos: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças. Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado...” (Cl 4:2-3).
Segundo a maioria dos comentaristas do Novo Testamento, Paulo escreve a sua carta à igreja de Colossos por volta do ano 60 d.C., da prisão em Roma. Sem entrar em detalhes sobre as argumentações contrárias ou a favor, tomemos por base essa informação. Paulo é conhecido como um dos maiores, senão o maior missionário que já existiu. Sua dedicação ao evangelho era extrema, sua coragem era imensa, seu amor por Cristo era sem medida. Ele conduziu a Cristo um número considerável de pessoas. O coração de Paulo ainda ardia com o desejo de ser instrumento de salvação a muitos outros. Contudo, Paulo agora estava preso. A prisão para Paulo era uma ameaça ao progresso do evangelho, era um empecilho ao sucesso missionário. É diante dessa situação que Paulo demonstra a urgência de seu pedido, dizendo para os irmãos “suplicarem” por eles.
O mais impressionante nisso tudo é que Cristo cumpre sua garantia e atende às orações dos colossenses em relação a Paulo. Tomando novamente por base a posição da maioria dos comentaristas do NT, da mesma prisão em Roma, um pouco mai tarde, Paulo escreve também aos filipenses, por volta do ano 61 d. C., e a situação que ele relata agora é diferente. Enquanto ele dizia aos colossenses que estava "algemado", e por isso pedia oração para que Deus abrisse porta à palavra, pelo menos um ano mais tarde ele disse aos filipenses “Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho” (Fp 1:12). Deus, portanto, ouviu as orações dos irmãos de Colossos e abriu porta à Palavra. E a porta foi aberta de tal forma que não somente Paulo pregava dentro de seu alcance, mas, também outros irmãos, como o próprio Paulo testemunha: “e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus” (Fp 1:14).

Uma Resposta De Oração
Paulo foi grandemente usado por Deus no período de expansão da igreja, já Pedro o foi no período de fundação da igreja. Sem deixar de mencionar que Pedro estava presente quando Jesus disse que edificaria a sua igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela, e, além disso, Jesus disse a Pedro que lhe daria as chaves do reino, que segundo o meu entender, é a responsabilidade de Pedro levar o evangelho para a salvação tanto aos Judeus como aos Gentios, o que de fato aconteceu. Portanto, assim como, uma prisão para Paulo era uma ameaça ao crescimento da igreja, para Pedro era uma ameaça ao seu estabelecimento.
Mesmo assim, Pedro passou por várias prisões. De todas elas, porém, Deus ouviu as orações e soltou Pedro, abrindo porta à palavra. Uma prisão em especial deve ser mencionada aqui. No capitulo 12 de Atos, Lucas começa relatando um acontecimento triste, que foi a execução do Apóstolo Tiago, irmão de João, realizada por Herodes. Lucas ainda diz que na mesma ocasião, Pedro também foi levado à prisão, talvez a intenção de Herodes fosse fazer o mesmo com ele. Mas, algo frustrou os planos de Herodes, Lucas relata: “Pedro, pois, estava guardado no cárcere; mas havia oração incessante a Deus por parte da igreja a favor dele” (At. 12:5).
Nos versículos seguintes Lucas relata o livramento sobrenatural de Pedro, por meio de um anjo, sua chegada junto aos irmãos que estavam em oração, e ainda, a execução de Herodes, realizada por Deus, por ele ter tentado fechar porta à palavra. A conclusão destes eventos aparece no verso 24 “Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se multiplicava”. Tudo isso, como resposta à incessante oração da igreja.

Uma Necessidade De Oração
No contexto mundial, ainda há muitas portas que precisam ser abertas, pelas quais devemos orar. Há, por exemplo, países em que a pregação do evangelho é definitivamente proibida. Segundo a Missão Portas Abertas, a Coréia do Norte está em primeiro lugar na lista dos países em que a igreja é mais perseguida. Esta é uma necessidade clara de incessante oração por parte da igreja em favor destes irmãos perseguidos.
Outra necessidade que deve tomar o tempo da igreja em oração é a situação nas escolas e universidades. A teoria da evolução, que é contrária ao ensino bíblico da criação de Deus, as filosofias modernas, como o relativismo, têm tomada cada vez mais espaço no contexto estudantil, ameaçando a divulgação do evangelho e a fé dos cristãos que estão inseridos nesse meio. Precisamos, portanto, orar pela abertura de porta à palavra nesse contexto.
A oração por missões urbanas também é uma necessidade de nossa época. Especialmente nas grandes cidades, por causa da superficialidade que há nos relacionamentos, as pessoas estão, muitas vezes, vivendo isoladas dentro de suas próprias casas, cercadas por muros altos, protegidas por cães ferozes, ou em apartamentos sem pelo menos conhecer seus vizinhos. Por causa dessa situação, tem sido cada vez mais difícil levar o evangelho a essas pessoas. Esta porta também precisa ser aberta, e a oração é a chave.

CONCLUSÃO

Muitas outras necessidades poderiam ser citadas, e a tarefa de cada igreja local é identificar a porta fechada e orar para Deus abrir. Quando relacionamos oração e missões, pedindo para Deus abrir porta à Palavra, o sucesso missionário é garantido. Mais importante do que o método é a porta aberta para o evangelho.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ORANDO POR FÉ: Uma Necessidade Constante

Marcos 9:14-29

Sempre que oramos fazemos uma longa lista de pedidos. Em nossos pedidos lembramos de muitas pessoas e de muitas necessidades. Mas uma coisa que comumente esquecermos é de pedirmos por uma fé maior, isto porque, estamos mais preocupados com a resposta em si dos pedidos do que com o meio pelo Deus atende o nosso pedido. Jesus disse: Tudo é possível ao que crê. Crer neste contexto é expressar uma fé maior. Diante do texto supracitado e da declaração de Cristo, entendemos que precisamos invocar a Deus por uma fé maior. Vejamos algumas razões por que precisamos de mais fé.

Primeiramente, precisamos invocar a Deus por uma fé maior, porque há situações em nossas vidas que exigem uma expressão maior de fé. No texto mencionado, ocorreu algo inusitado. Os discípulos apesar de estarem com Jesus já por muito tempo, terem testemunhado o poder que Jesus tinha sobre tudo e todos, multiplicando pães e peixes, andando por sobre as águas, curando todo tipo de enfermidade, e operando milagres indefinidamente, não conseguiram atender ao pedido de um pai desesperado que luta com o problema de seu filho desde a infância. Os discípulos deveriam estar confiantes diante de tudo o que eles já tinham passado, talvez eles achassem que estavam preparados para tudo, mas uma situação trazendo um necessidade diferente exigiu uma expressão maior de fé. Conosco não é diferente, por mais maduros que sejamos, e diante de todas as adversidades e problemas que enfrentamos, ainda virá um que exigirá que tenhamos mais fé. Por conta disso, oremos por mais fé.

Segundo, com uma fé maior seremos levados a confiar mais em Deus. Nos valendo ainda do episódio narrado em nosso texto, percebemos que a situação degradante daquele rapaz dava-se não somente por causa da ação infernal do diabo, mas também por causa da falta de fé do pai. Falta de fé neste contexto diz respeito à falta de confiança no poder e na intervenção de Deus, o pai está tão descrente que seu filho saia daquela situação que pergunta a Jesus “se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”. Na verdade a próxima fala de Jesus “tudo é possível ao que crê”, serve para mostrar duas coisas, primeiro a falta de fé do pai, segundo a disposição de Deus em atender ao que tem fé. Diante disto, Jesus nos ensina que com mais fé confiaremos mais em Deus. Para um problema maior, precisamos de mais confiança em Deus, para termos mais confiança em Deus precisamos de mais fé, e para termos mais fé precisamos orar mais.

Por fim, precisamos invocar a Deus por uma fé maior porque é o meio para vermos uma maior demonstração do poder de Deus em nossas vidas. Nesta história podemos inferir que quanto mais fé, mais veremos o poder e a intervenção direta de Deus em nossas vidas. Além disso, Jesus nos deu evidências claras disso, nas várias situações narradas nas Escrituras em que Jesus diz que os discípulos, ou mesmo outras pessoas, foram impedidas de resolver, ou ver determinada situação resolvida por serem de pequena fé. Portanto, se queremos contemplar a mão e o poder de Deus, precisamos orar por uma fé maior.

Pr. Figueiredo

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Parábolas do Reino

Mateus 13:24-30; 36-43

Quem gosta de ter seus planos frustrados? Trabalhar por um objetivo e então ver todo o esforço cair por terra? Como você reagiria diante de uma pessoa que quis estragar seus planos? Anos atrás paises ricos criaram pragas em laboratórios para frustrar o crescimento de paises em desenvolvimento.
Desde que Deus criou o mundo, o seu inimigo tem tentado frustrar os seus planos. O diabo criou suas pragas com as quais tenta infectar e destruir a plantação de Deus. Jesus ilustra essa verdade com a parábola do joio do campo.

A parábola

Um homem plantou um campo. A técnica bastante rústica consistia em sulcar a terra com um arado manual puxado por animais. O trabalho era esgotante, pois precisava de força e concentração. Com uma das mãos o agricultor segurava o arado com a outra ele segurava uma vara, aguilhão, para estimular o animal a andar e tirar do caminho do arado as pedras. Alguns campos precisavam ser adubados com esterco. Depois ele semeava manualmente cada semente nas respectivas covas. Agora era depender das chuvas.

O cereal escolhido pelo agricultor foi o trigo. Um cereal grandemente importante na alimentação da humanidade. Fazia parte da dieta dos judeus (Juizes 6:11; Rt 2:23; 2Sm 4:6); a colheita do trigo era empregada como ponto de referência do calendário (Gn 3:14; 1 Sm 6:13; 12:17). Como alimento era símbolo da bondade e da provisão de Deus (Sl 81:16; 147:14). Era usado como oferta de cereias no culto do templo (Ed 6:9; 7:22). Jesus usa a semente do trigo como símbolo da sua morte para dar vida a outros (Jo 12:24).

O inimigo semeou joio no campo. Lolium temulentum, tipicamente conhecida como joio (ou cizânia), é uma planta anual pertencente à família Poaceae e ao gênero Lolium. De talo rígido, pode crescer até 1 metro de altura, com inflorescências na espiga e grão de cor violeta. Usualmente cresce nas mesmas zonas produtoras de trigo e se considera uma erva daninha desse cultivo. A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo". Pode ser venenosa e uma pequena quantidade de joio colhida e processada junto ao trigo pode comprometer a qualidade do produto obtido. Portanto, vem daí a famosa expressão bíblica "é preciso separar o joio do trigo", que virou ditado popular.

Cada erva dá o seu fruto. Quando o trigo começa a ficar dourado, ao seu lado o joio fica violeta. Logo, são percebidos pelos seus frutos, apesar de serem parecidos, os frutos denunciam a procedência de cada um, V. 26. Os servos queriam arrancar o plantio, 27-28. O senhor prefere esperar a colheita, 29-30. Seria um grande prejuízo, tentar escolher ou separar o joio do trigo, haja visto a grande semelhança. Assim é melhor deixar a praga viver no meio do trigo, ser alimentanda do adubo, da água, do cuidado contra os gafanhotos, etc que os servos dariam, do que tentar arrancar um e danificar o outro.

Na colheita, o trigo era, logo, separado do joio. Era recolhido no celeiro, depois de ter sido joeirado, i.e. colocado num terreno limpo e amassado com um peso para separar da palha, e finalmente ensacado e guardado em silos ou celeiros.

Era feito uma grande fogueira para queimar o joio. Representava uma dupla alegria para o senhor e os servos: a) a colheita tinha sido um sucesso, apesar dos obstáculos, eles tinham trigo em seus celeiros; b) o plano do seu inimigo não deu certo. Assim era gratificante arrancar aquelas ervas daninhas e lança-las ao fogo.

A explicação da parábola

Os filhos do reino serão separados na consumação dos séculos.

E quem são os filhos do reino?

Os filhos do reino FORAM LANÇADOS NO MUNDO.

O semeador é o filho do homem – v 37 – Deus é descrito como um semeador, um agricultor. Nenhum agricultor, em sã consciência, iria plantar ervas danosas na sua roça de milho, arroz, feijão, cebola. V. 24 “um homem semeou boa semente”. Deus também plantou uma roça de coisas boas, mas o diabo confundiu esse roçado – Ec 7:29 “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

O campo é o mundo – v 38a. O campo não é a igreja, mas o mundo. A parábola não é sobre a igreja, mas sobre o reino, o governo geral de Deus. Ele não é o rei apenas na igreja, mas no mundo todo. Mesmo depois do pecado, esse mundo continua sendo de Deus. Apesar de ter sido contaminado com o pecado. Estragar a plantação do homem não o fez desistir da sua roça. Todos moramos no mundo de Deus; achar que podemos fazer o que queremos é imprudência e vai custar caro.

A boa semente são os filhos do reino – v 38b. É o que traz alegria e esperança ao agricultor; no Salmo 126;6 “quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo seus feixes”. Os crentes são a alegria de Deus nessa grande roça.

Os filhos do reino FORAM LANÇADOS JUNTOS COM OS FILHOS DO MALIGNO.

O joio são os filhos do maligno – v 38c. O joio e o trigo são parecidos, mas inconfundíveis: pelo fruto os conhecereis – Mt 7:16 – o trigo produz grãos, o joio sementes sem valor. Tanto o joio como o trigo tiram do mesmo campo os nutrientes essenciais para sua existência. Os filhos do reino e do maligno compartilham coisas semelhantes (ar, comida, estradas, bairros, fábricas, escolas, mercados, lojas, sol, chuva), mas são duas pessoas opostos espiritualmente – 2 Coríntios 6:14-16. Os filhos do maligno podem imitar, mas jamais poderão produzir a retidão dos verdadeiros crentes. São tratados como “escândalos” e “praticantes da iniqüidade”. O inimigo é o diabo – v 39a. O diabo reproduz seus filhos para confundi-los com os filhos do reino – João 8:44; 1 João 3:8 “aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio”. Desde a queda do diabo, a sua satisfação é tentar frustrar os planos de Deus. Os seus filhos são cooperadores nessa tentativa.

Os filhos do reino RECEBERÃO LUGARES DIFERENTES.

A colheita é a consumação dos séculos – v 39b. O fim desta era pecaminosa. A revelação da nova era iniciada por Cristo na sua morte e ressurreição. Os ceifeiros são os anjos – v 39c – assim como Lázaro foi levado por anjos ao seio de Abraão – Lc 16:22 – nós seremos no final das eras. Jesus compara essa separação como o pastor que separa os cabritos das ovelhas – Mateus 25:32. O trigo será recolhido no celeiro – v 30c cf. Mateus 3:11-12. Os filhos do reino são chamados “justos”. Os justos resplandecerão como sol. O joio será queimado em fogo inextinguível – v 30, 42.

Postado por Francimar Lima

domingo, 19 de abril de 2009

Os Significados de Amor na Bíblia (Parte 3)

O Amor no Novo Testamento

O que faz o Novo Testamento novo é a aparência do Filho de Deus na cena da história humana. Em Jesus Cristo vemos como nunca antes, uma revelação de Deus. Como Ele disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14:9; cf. Col 2:9; Heb 1:3). Já que em um verdadeiro sentido, Jesus era [é] Deus. (Jo 1:1; 20:28).

Mas a vinda de Cristo não somente trás a revelação de Deus. Por Sua morte e ressurreição, Cristo também trás a salvação de homens (Rm 5:6-11). Esta salvação inclue: perdão de pecados (Ef 1:7), acesso a Deus (Ef 2:18), a esperança da vida eterna (Jo 3:16), e um novo coração que é inclinado a fazer as boas obras (Ef 2:10; Tt 2:14).

Portanto, ao lidar com o amor, devemos tentar relacionar tudo à Jesus Cristo e Sua vida, morte e ressurreição. Na vida e morte de Crsito vemos de uma nova maneira o que o amor de Deus é, e o que o amor do homem para com Deus e para com os outros deve ser. E pela fé, o Espírito de Cristo, que vive em nós nos capacita a seguir Seu exemplo.

O Amor de Deus por Seu Filho

No Antigo Testamento vimos que Deus ama Sua própria glória e se deleita em expor-la na criação e redenção. Uma mais profunda dimensão deste auto amor se torna claro no Novo Testamento. É ainda verdadeiro que Deus aspira em todos os Seus trabalhos a demonstrar Sua glória aos homens para regozijo e louvor (Ef 1:6, 12, 14; Jo 17:4). Mas o que sabemos agora é que Cristo “reflete a glória de Deus e carrega o selo de Sua natureza” (Heb 1:3). “Nele habita toda plenitude da Divindade” (Col 2:9).

Em resumo, Cristo é Deus e tem existido eternamente numa união misteriosa com Seu Pai (Jo 1:1). Portanto, o auto amor de Deus, ou Seu amor por Sua própria glória, pode agora ser vista como um amor para “a glória de Cristo que é a semelhança de Deus” (2 Cor 4:4; cf. Fl 2:6). O amor que Deus o Pai tem pelo Filho é expresso várias vezes no evangelho de João (3:35; 5:20; 10:17;15:9, 10; 17:23-26) e ocasionalmente em outro lugar (Mt 3:17; 12:18; 17:5; Ef 1:6; Col 1:13).

Este amor dentro da própria trindade é importante para os cristãos por duas razões: Primeira, a beleza cara da encarnação e a morte de Cristo não podem ser entendida sem Ele. Em segundo lugar, é o próprio amor do Pai pelo Filho que o Pai coloca nos corações dos crentes (Jo 17:26). A última esperança do cristão é ver a honra de Deus em Cristo (Jo 17:5), estar com Ele (Jo 14:24) e deleitar-se com Ele, tanto como o seu Pai se deleita (Jo 17:26).

Daqui a algumas semanas postaremos a quarta parte, deste artigo de John Piper, que falará do Amor de Deus pelos homens.

Tradução: Elias Lima
Fonte: http://www.desiringgod.org/