terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Antigo Testamento vale o esforço de ser lido?

Baseado no livro de Philip Yancey
A Bíblia que Jesus lia

Há textos que parecem não ter qualquer conexão com a vida do homem moderno. 1Cr. 26:18; Sl 137:8,9. As duas barreiras principais para a leitura do ATp e que ele nem sempre faz sentido e quando faz agride o ouvido. Lutas sangrentas, posse de terra, pena de morte, etc. é uma identidade dos povos ocidentais – missionários tem constatado isso.

Essa ignorância do AT produz crentes sem fundamentos. “pesquisas mostram que 80% dos americanos afirmam crer nos 10 mandamentos, mas poucos conseguiram citar, no máximo quatro deles. A metade de todos os americanos adultos não consegue identificar Gênesis como o primeiro livro da bíblia. E 14% identifica Joana D´Arc como a mulher de noé”.

Razões por que ler o antigo testamento:

Nenhum testamento é bastante em si mesmo
.

Imagine por um momento como entender Hebreus, Judas ou apocalipse sem consultar alusões, conceitos ou personagens do AT. Os evangelhos e as cartas lançam luz sobre o passado para apontar o futuro da igreja.

Jesus achou importante todo o AT. Ele o citava para resolver controvérsias. Usou figuras para definir a si mesmo. O AT era o livro de orações que Jesus fazia, das canções de ninar que sua mãe cantava, os poemas que memorizava, das profecias sobre as quais refletia. Valorizava cada jota e til.

Ele prega as escrituras do AT – Lc 24:25-27.

Para descobrir como o mundo gira em torno de Deus.

Se tivéssemos somente os evangelhos, a imagem de Deus seria fraca e humana, pois Jesus termina morrendo numa cruz. Precisamos das cartas que interpretam esse fato. Mas também precisamos do AT que antevê e prepara o povo para tal fenômeno.

O AT anuncia a mensagem de que o mundo inteiro gira em torno de Deus e não de nós. Deviam consagrar o primogênito, deviam amarrar a lei à testa e no braço, colocavam lembretes visíveis nos umbrais das portas, bendiziam a Deus três vezes por dia, usavam corte de cabelo e barba diferenciado, costuravam franjas em suas roupas, tinham um calendário voltado para Deus, páscoa/penteconsteste/expiação/luas/sabat, sua dieta era por causa de Deus. ‘para quem não amava a Deus, Israel era um lugar insuportável’.

O mundo moderno passa uma semana, um mês sem ter um lembrete sequer de que esse mundo é de Deus.

Para descobrir que Deus é bom.

Os judeus repetiam sempre: “Daí graças ao Senhor, pois ele é bom, porque o seu amor dura para sempre”. Contudo, o mundo parece colocar em xeque essa afirmação, mesmo nos dias dos judeus bíblicos: guerras, catástrofes, pestes, mortes, doenças, fatalidades, etc.

Deus age muito diferente do que poderíamos imaginar. Depois da queda, a solução de Deus é usar uma tribo (útero da encarnação) desconhecida para restaurar o mundo. O ex pagão é chamado para encabeçar esse projeto. Depois de prometer terra e filhos, três gerações de mulheres estéreis. Daí vem o cativeiro egípcio. O modo de Deus evangelizar o mundo através dos judeus parece falhar. Ao ponto dEle deixar de lado o seu povo e trabalhar num novo projeto: a igreja.

O AT dá um vislumbre do tipo de história que Deus está escrevendo e valoriza. Ele registra o nome de duas parteiras mas não o do Faraó. Em 1 Reis dedica oito versículos a Onri um dos reis mais importantes de Israel. “Deus não se impressiona com tamanha, poder ou riqueza. Fé é o que ele está esperando, e os heróis que vemos surgir são heróis da fé, não de poder ou riqueza”. Deus não se preocupa em dar detalhes aos atos invencíveis de nabucodonozor, mas de Daniel; não dá a mínima a Artaxerxes, mas dedica um livro a fidelidade de Ester; cita raríssimas vezes César, mas destaca incansavelmente o nome e atos de seus heróis profetas, apóstolos, mártires, diáconos, etc.

Para descobrir as companhias de Deus.

É possível saber muito de uma pessoa ao observar os amigos que ele escolhe. Abraão mentiu pela esposa, Jacó enganou o irmão, Moisés cometeu assassinato, Davi matou e adulterou, contudo, esses estão no topo da galeria de Deus. Israel é o povo que primeiro luta com Deus e depois com os povos para falar e demonstrar esse Deus.

Deus aceita ouvir os murmúrios de seus amigos, jó, Jeremias, Jonas, Moisés, Abraão, mas não suporta os rebeldes e descrentes. “É evidente que Deus prefere discordância sincera a submissão insincera”.

Nas religiões orientais antigas os seres humanos eram feitos para servir aos deuses em seus caprichos e satisfazer seus desejos. Deus situa o homem no ápice da criação. E por isso tudo que o homem faz no mundo mexem com Deus.

O AT nos faz pensar que mesmo indigno, podemos ser enquadrado na lista de amigos de Deus. No AT podemos nos identificar com Jó, Jacó, o pregador de Eclesiastes, com os salmistas, Enoque, Jeremias. “A vida com Deus é um assunto pessoal e dificilmente fórmulas gerais servem para alguma coisa”.

Pastor Francimar, Casa Nova - BA

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Urgência da Pregação



Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.


A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.
Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.
No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.
Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.
Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.
Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.
Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.
O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?
É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.
Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.
Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros — On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).
Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.
O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.
Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.
Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.
Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.
O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.

Traduzido por: Wellington Ferreira
Copyright:© R. Albert Mohler Jr.
Traduzido do original em inglês:
The Urgency of Preaching.http://www.albertmohler.com/