segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Igreja de Cristo defende a doutrina correta

Nos últimos tempos o movimento evangélico tem crescido consideravelmente. O que muitos não percebem é que a grande parte das igrejas fundadas não dá nenhuma importância à doutrina correta nem à sua defesa. Chegam até a dizer que falar de doutrina espanta os visitantes. Mas não foi assim nos primórdios do cristianismo. Na epístola de Judas encontramos três razões porque a Igreja de Cristo precisa defender a doutrina correta.

A igreja de Cristo precisa defender a doutrina correta porque é sua responsabilidade (Judas 3-4).

Fé cristã como corpo de doutrinas. O termo “entregue” era usado para referir-se à transmissão da tradição autorizada em Israel (paradídome 1Co.11:23; 15:3- “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.”). E aqui o verbo refere-se à tradição apostólica cristã que era normativa para o povo de Deus. A mesma doutrina dos apóstolos. Portanto, podemos dizer que Deus usou os apóstolos para entregar para seu povo, de uma vez por todas, um corpo reconhecível de doutrinas, e que devemos estar dispostos a batalhar pelas mesmas. A igreja primitiva perseverava na doutrina dos apóstolos ( Atos. 2:42).

O termo batalhar ( epagonizethai) é bastante forte. Paulo o emprega para a privação de algo, a dificuldade custosa para edificar cristãos maduros, para defender a fé e para a luta inteira da vida cristã. (Combate o bom combate da fé- 1Tm 6:12; Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé- 2Tm 4:7). Isto significa que a responsabilidade da igreja não é nada fácil. Ela está num campo de guerra. Se ela não defender a doutrina cristã, ficará a mercê dos falsos mestres. Esta luta deve ser diligentemente, ou seja, uma luta zeloso.

A igreja é coluna e baluarte da verdade, diz o apóstolo Paulo. (1Tm. 3:15). Como baluarte (fortaleza inexpugnável), a igreja deve proteger seus ensinos contra as heresias. Como coluna, ela deve sustentar, preservar a verdade recebida pela revelação de Jesus Cristo e ensino dos apóstolos.

A igreja que não atenta para a sua responsabilidade de defender as doutrinas cristãs está sujeita a seguir qualquer moda teológica, ou mesmo uma heresia.

A Igreja de Cristo precisa defender doutrina correta porque é uma necessidade ( Judas 3-4)

Judas tinha tencionado escrever um tratado doutrinário, mas a infiltração de falsos mestres no seio da igreja o compelira a alterar a natureza de sua epístola para uma exortação a que os cristãos lutassem vigorosamente em defesa da doutrina cristã. A necessidade levou o escritor a escrever uma carta repentina e curta. Ele não podia perder mais tempo, pois algumas pessoas tinham se introduzido na igreja secretamente com o propósito de desviar os santos da verdade (vs.4). Paulo diz que estes falsos mestres penetram sorrateiramente (2Tm. 3:6). Despedindo-se de presbíteros em Mileto, ele disse que, depois de sua partida, lobos vorazes iriam penetrar na igreja, e até de dentro da igreja iam se levantam alguns homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. (Atos 20:20).

É sempre mais sério quando o perigo vem de dentro da igreja. Mas isto não nos causa surpresa, pois desde o Antigo Testamento até os apóstolos, encontramos advertência contra falsos mestres. Sempre haverá aqueles no redil que não passaram pela porta, mas que entraram por outro caminho; e sempre serão uma ameaça às ovelhas ( João 10:1).

Portanto, a necessidade de defender a fé cristã dar-se pela quantidade de ataques contra a verdade cristã e pelas heresias que surgem em seu próprio meio. E esta necessidade sempre houve e haverá. A história não nos deixa mentir. Paulo lutou contra o asceticismo dos judaizantes e a libertinagem do gnósticos; o apóstolo João contra o gnosticismo( docetismo); os Pais da igreja, entre eles o polemistas Irineu que escreveu “Contra as heresias”, para combater o gnosticismo dos seus dias; Tertuliano de Cartago, defensor da divindade e humanidade de Jesus; Santo Agostinho que, em seu livro “Confissões”, defendeu a criação ex-nihilo de Deus. Sem dúvidas nos falta tempo e espaço para falar de Atenágoras, Aristo, Taciano, Teófilo de Antioquia, Arnóbio, Lactâncio, Eusébio de Cesaréia, Atanásio e muitos outros. Homens que não permitiram que a ortodoxia cristã fosse suplantada pelos ataques do paganismo nem pelas heresias que surgiram dentro da própria igreja.

Avançando para a Idade Média, chegamos a homens como Lutero que defendeu a justificação pela fé; João Calvino sistematizou a tão preciosa doutrina da Eleição.

Ao chegarmos ao final do séc. XVIII, nos deparamos com o liberalismo teológico. Homens que se julgavam salvadores do Cristianismo queriam adaptar o mesmo às novas filosofias da época. Negaram o sobrenatural, a transcendência de Deus, distorceram o conceito bíblico de pecado e a Bíblia deveria ser estudada como qualquer outro livro. Mas Deus usou homens como Charles Spurgeon e John G. Machen para defender os fundamentos da fé cristã.

Será que hoje ainda há necessidade de defender a fé cristã? Claro que sim. Há muitas seitas negando a divindade de Jesus. Outras pregando salvação pelas obras. A teologia da prosperidade está na TV ludibriando milhares de pessoas. E tantas outras.

Quando Paulo exortou Timóteo a pregar a todo tempo, deu uma razão forte para aquele jovem pastor: A EXISTÊNCIA DE UM TEMPO QUANDO AS PESSOAS NÃO SUPORTARIAM A SÃ DOUTRINA. E por que não suportariam? Porque as pessoas estariam cercadas de mestres ensinando heresias. ( 2Tm 4:2-4). Hoje os meios de comunicação estão cada vez mais desenvolvidos, de modo que pregadores estão destilando suas falsas doutrinas rapidamente. A igreja precisa estar alerta para isto.

A igreja de Cristo precisa defender a doutrina correta porque a doutrina determina as práticas e costumes de uma igreja (Judas 4).

Neste instante, Judas denuncia a doutrina dos falsos mestres. Eles transformam a graça de Deus em libertinagem. Ele está lidando com um grupo de pessoas que havia deturpado a doutrina da graça. “Se já somos salvos pela graça, então podemos viver de qualquer jeito.” A visão errada da graça os levou a uma vida dissoluta, licenciosa (8,16-19).

Paulo argumentando a favor da ressurreição de Cristo ( 1Co.15:32). “... Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” A crença na ressurreição ou não influencia o modo de vida.

A igreja de Tiatira (Ap.2:20). A doutrina de Jezabel. Uma mulher que estava na igreja seduzindo os irmãos a praticarem a prostituição e comerem coisas sacrificadas aos ídolos.
A nossa doutrina determina nossos costumes e práticas.

A crença na Soberania de Deus em salvar o pecador nos livra de usar técnicas mundanas para atrair o pecador. O apelo às técnicas mundanas para atrair pessoas para o culto como peças teatrais, danças e cultos divertidos é um indicador de não crença na suficiência das Escrituras. Podem até dizer que a Bíblia é inspirada e inerrante, mas a não submissão a seus ensinos elimina sua suficiência.

O que dizer do evangelho dos demônios? Em uma chamada sessão do descarrego, o “pregador” emprega maior parte do tempo brincando de exorcizar demônios.

O comércio de relíquias- “Venha adquirir um frasco de água do Rio Jordão”, “Não deixe de ser ungido pelo santo”, anuncia o pregador que mais parece um vendedor ambulante.
O culto já não é mais teocêntrico, mas antropocêntrico. Aquilo que agrada o ouvinte deve ser feito e dito. Uma vida de frouxidão e permissividade é tolerável. A disciplina eclesiástica passa longe de ser aplicada.

CONCLUSÃO: A igreja de Cristo defende a doutrina correta. Primeiro porque é sua responsabilidade. Segundo, porque é uma necessidade. Terceiro, a igreja fundamentalista defende a fé cristã porque a doutrina determina nossas práticas e costumes. A sua igreja também é a de Cristo?

Postado por José Roberto

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pessoas são importantes que coisas.

Pessoas são mais importantes que coisas – Jonas 4

Há um velho ditado que fala das coisas importantes da vida. As coisas secundárias podem passar desde que as primárias permaneçam: “vão-se os anéis, ficam os dedos”.
Deus nos ensina essa verdade através da vida do profeta Jonas: devemos amar as pessoas acima das coisas. A vida humana é mais valiosa que o mundo inteiro. Na história de Jonas Deus usa todos os meios para alcançar as pessoas, o objeto do seu amor: ele quase destrói um navio e suas bagagens para converter o coração de marinheiros pagãos; ele cria e usa um grande peixe para converter um profeta fujão de seus caminhos.
O profeta quer nos ensinar o contrário. Ele amou mais a pátria que os pecadores de Nínive. Não queria anunciar o evangelho porque não gostava deles. Deus o reprovou por isso e nos mostra que não devemos selecionar a quem fazemos o bem.
No encerramento do livro, Deus mostra novamente ao profeta quem é o objeto do seu amor: as pessoas, não importando nacionalidade ou outra diferença.

O descontentamento de Jonas com Deus – v. 1-3.

Jonas ficou irritado porque Deus não castigaria os seus inimigos. A palavra “desgostou-se” significa “ver como algo mau”. Jonas considerou a obra salvadora de Deus como um erro. Jonas ficou “irado” que literalmente quer dizer “ferver”. Jonas queria ver a destruição da cidade, a sua palavra tinha sido penhorada.
Jonas orou pela destruição de Nínive; da ultima vez ele estava humilhado na barriga de um grande peixe. Agora, o profeta tinha esquecido como é bom receber a misericórdia de Deus.
Apesar de tudo, Jonas tinha uma teologia correta: Êxodo 34: 6-7. Deus é misericordioso, i.e. Deus mostra generosidade, bondade àqueles que não merecem; Deus é clemente, ou seja, Deus mostra compaixão e perdão àqueles que estão em necessidade; Deus é tardio em irar-se, i.e. paciente, Deus nem sempre executa imediatamente o castigo merecido, mas dá tempo para o arrependimento; Deus é grande em misericórdia ou cheio de bondade, mostrando amor, bondade e piedade; Deus arrepende-se do mal, perdoa a maldade, i.e. capaz de julgar assim como de perdoar V 2b.
Mas, Jonas também tinha uma teologia errada: Deus não pode usar esses atributos com outro povo que não seja Israel. Para Jonas, Deus era injusto em punir Israel com o cativeiro e perdoar os ninivitas que eram mais pecadores que seu povo. Deus pode ser chantageado: “se o Senhor não vai destruí-los então me destrua, o mundo é pequeno demais para nós dois” V 3.

Deus não desiste do homem – v 4-6

Deus faz uma pergunta da qual ele já sabe a resposta – v 4. Ele fez isso com outros personagens: À Adão: onde estás? – Gn 3:9; À Caim: onde está teu irmão? – Gn 4:9; À Judas: Judas, com um beijo você está traindo o filho do homem? – Lc 22:48. Jonas foge novamente de Deus – v 5.
Ele saiu e fez uma enramada, ou um abrigo. Literalmente a palavra que Jonas usa é sucot, ou tabernáculo ou tenda, palhoça. O profeta está fazendo alusão a festa dos tabernáculos que era celebrada a cada ano, onde cada judeu deveria sair de suas casas e fazer cabanas para morar por 7 dias nelas, lembrando a libertação do seu povo e a peregrinação no deserto.
Jonas achava que Deus faria o mesmo que fez com Sodoma e Gomorra, ou no dilúvio, ou ainda com o Egito no mar vermelho, assim antecipou sua alegria (v 7) naquela destruição. Cf Dt 16:13-14; Neem 8: 15-17.
Deus usa uma planta para alegrar Jonas – v 6. Diz o texto que Jonas se alegrou ao extremo. A planta cresce de um dia para o outro a fim de o livrar do seu desconforto.

As coisas são passageiros, o homem é eterno – v 8-11

Deus enviou um verme para comer a planta. Isso lembra bem o que Jó reconhece: Deus dá, Deus tira. A ausência da planta fez com que o esconderijo de Jonas parecesse uma peneira. O vento quente e o sol escaldante fizeram o profeta desfalecer ou desmaiar.
Deus tira quando quer – v 7. Há pessoas que sacrificam o que realmente é importante pelos bens matérias, perecíveis, quando Jesus nos manda acumular tesouros nos céus – Mt 6: 19-21. Deus levará em conta, não o tanto de prédios que construímos, mas quantos pudemos abrigar; não levará em conta quão farta era nossa mesa, mas como dividimos nosso pão; não levará em conta quanta roupa tínhamos, mas quantos foram agasalhados por elas.
Deus confronta Jonas. O profeta teve uma compaixão mal-dirigida. O descontentamento de Jonas para com a planta foi maior do que com a não destruição da cidade v 8. Deus queria que Jonas raciocinasse: o que é mais importante uma planta nascida de um dia para o outro ou 120 mil (só crianças)? Jonas diria: a planta.
Nesse final sem uma conclusão específica (Jonas se deu conta do seu erro? Aprendeu a lição? Como viveram os novos convertidos?) a moral do livro salta aos nossos olhos: Deus ama os pecadores mesmo que sejam inimigos do seu povo, considera mais importantes do que navios carregados de grande valor ou a vontade nacionalista de um profeta apaixonado.

Pr. Francimar lima