O plano de Hamã.
No primeiro mês, nisã, no ano 12 do rei assuero, Hamã lançou sorte, i.e. pur. Na cultura e religião persa havia algumas datas consideradas de mau agouro, e se algum projeto fosse feito para tal data, era possível que não desse certo. Assim Hamã lançou sorte para escolher a data que os deuses queriam para o seu projeto. Depois de lançada sorte e escolhida a data, dia 13 do mês de Adar que é o primeiro mês (3:12,13).
A tática de Hamã para convencer e ludibriar o rei foi dizer-lhe que os judeus eram contrários as leis dos medos e persas, e descumpriam as ordens do rei. Além disso, era fácil extermina-los. Batava o rei aprovar que o serviço sujo seria feito por Hamã. Ele convocaria mercenários para o serviço e do despojo faria que 10 mil talentos de prata, i.e.
Os correios começaram a espalhar o edito do rei, no qual, naquela data macabra todos os judeus deveriam ser exterminados.
O lamento de Mordecai.
Quando mordecai soube disso lamentou de modo usual aos orientais, rasgou as suas vestes, cobriu de pano de saco e de cinza, e clamou com grande e amargo clamor.
A noticia era chegada nas demais cidades e o mesmo lamento era feito. O sofrimento uniu judeus que nunca tinham se visto, mas que oravam, jejuavam e lamentavam pela mesma causa.
Mordecai fez a rainha saber das ultimas notícias através de Hataque, um dos eunucos. A rainha vivia em sua casa e não tinha contato com as coisas que se passavam na cidade. Quando soube do edito do rei, portanto ficou alarmada.
Havia naquela cultura o costume de só aparecer na presença do rei quando no seu palácio em audiência se for chamado por ele ou se o rei abaixasse o seu cetro, o contrario disso era pago com a própria vida. Ester teve medo de quebrar esse protocolo, pois fazia 30 dias que ela não via o marido.
Contudo, mordecai lembra o valor de Ester: quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha? Ou seja, será que Deus não te colocou nesse posto tão elevado sem qualquer merecimento para abençoar a vida do teu povo?
Ester responde valorosamente: orem, jejuem por que daqui a três dias falarei com o rei, se perecer, pereci.
O segundo banquete de Ester.
A rainha demonstra muita determinação, pois em jejum foi capaz de arranjar um grande banquete para o rei. O monarca estava na sua grande sala real, reunido com escribas que copiavam suas palavras, príncipes, nobres, e estrangeiros, quando de repente as portas são escancaradas e uma jovem mulher entra causando espanto e admiração
Ester parou e esperou a sentença do rei. Se ele baixasse o cetro seria o fim de Ester e de todo seu povo. Porém, a rainha achou graça e o rei estendeu o seu cetro para que ela segurasse, mostrando para todos que estava à salvo.
Assuero pergunta o que ela deseja, Ester responde, a presença dele e de Hamã em um grande banquete naquela noite. Ester prefere esperar o momento oportuno.
Hamã saiu jubiloso, pois dentre tantos, a rainha convidou somente ele. No decorrer do banquete o rei perguntou qual o pedido de Ester ao que respondeu que diria no próximo dia, caso o rei viesse novamente com Hamã. Novamente saiu Hamã felicíssimo, Mas sua alegre se torna em tristeza ao sair e dar de cara com mordecai ereto e rijo diante dele. Ao chegar em casa sua mulher o aconselha a fazer uma forca e pedir ao rei mordecai para o enforcar. Ele não espera amanhecer e volta ao palácio.
Enquanto isso no palácio, o rei estava com insônia, talvez preocupado com o que a esposa iria pedir; pede ao escriba que leia suas crônicas, seu diário, e lá ouve de mordecai que salvou sua vida. Nisso, Hamã é chamado a presença do rei para lhe dar um conselho: o que fazer com alguém que o rei agrada fazer. Hamã pensa que o rei faria com ele. E diz: traga as vestes reais, que o rei costuma usar em publico e o cavalo em que o rei costuma andar, e tenha na cabeça a coroa real. Escolha um mais ilustre príncipe que vai na frente dizendo: assim aconteça ao homem a quem o rei deseja agradar.
No outro dia fez o que aconselhou ao rei. Depois voltou para casa envergonhado. Mas logo teve que segurar sua humilhação, pois os eunucos da rainha chegaram e o levaram para mais um dia de banquete.
No segundo dia o rei pergunta novamente a rainha qual o seu pedido e garante que até que seja metade do seu reino seria capaz de dá-lhe. Ester pede somente sua vida e a do seu povo. O rei fica confuso com o pedido. A rainha explica: Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de vez. O rei pergunta: quem foi arquiteto de um plano desses? Ester responde: este mau hamã.
O rei sai enfurecido da mesa e vai refletir no jardim. Quando volta encontra Hamã nos pés de Ester. Assuero entende que Hamã esta forçado Ester a voltar atrás, no mesmo instante Harbona, um dos eunucos, menciona que Hamã tinha feito uma forca para enforcar um dos súditos leais do rei, mordecai. Enforcai-o nela, disse o rei.
A salvação dos judeus.
Ester suplica que o rei revogue a lei sancionada, mas pelos costumes dos medos e persas nenhuma lei poderia ser revogada, nem pelo próprio rei. Ester se apodera da sua casa e bens, e Mordecai assume o posto de Hamã e rei o nomeia segundo no reino. Mordecai convoca todos os secretários do rei, para escrever uma carta e promulgar um edito: dia 23 de sivã, o terceiro mês. Todos os judeus poderiam se defender, faltava apenas 9 meses.
Quando o povo recebeu essa noticia houve uma grande aclamação de alegria, regozijo, festa e banquetes. Mordecai providenciou para que os judeus se preparassem para o motim, ou qualquer tipo de revolta daqueles que tentassem aniquilar os judeus.
No dia determinado, 13.12, os judeus começaram a travar uma batalha sangrenta contra aqueles que queriam saquear suas casas e aniquilar suas famílias. Em Susã os 10 filhos de Hamã foram mortos, mais 500 homens. Ao todo, mataram os judeus 75 mil dos que os odiavam e tramaram a sua morte. Ester pediu que desse um feriado para os judeus no dia 14 fazerem banquetes e comemorarem a vitória contra os inimigos.
A festa do purim.
Assim ficou determinado no calendário judaico que no dia 13 e 14 de Adar que é o ultimo mês, os judeus deveriam comemorar a festa do purim, i.e. das sortes, pois nesse dia foi lançado sorte para exterminar o povo, mas Deus transformou a desgraça em alegria e celebração.
Essa festa deveria ser comemorada sempre e para as futuras gerações. Até o dia de hoje.
Lições de Ester: como ser uma benção num mundo hostil.
- Acreditar que somos parte do plano de Deus - 4:13-14.
- Há pessoas que se acham o centro de tudo, família, do trabalho, da comunidade, da igreja, etc. No entanto, se esta pessoa morrer a vida vai continuar seu rumo.
- Ester nos ensina que somos apenas parte da conjuntura. Apesar de ser uma rainha dum grande império, ela continuava sendo apenas uma parte pequena do grande mosaico de Deus.
- Somos apenas peças na engrenagem da vida. Na família somos um membro, na igreja uma célular, no trabalho um funcionário. O que vale e importa é o todo.
- Reconhecer que quanto maior a posição maior a responsabilidade – 7:3-4.
- Humanamente falando a única maneira de evitar a chacina era alguém com tanto apreço falasse com o rei; ninguém, além da esposa, tinha tanto respeito ante o monarca.
- Deus escolheu Ester para Rainha, não apenas para a felicidade pessoal dela, mas para ser uma benção na vida do seu povo.
- Ainda hoje Deus espera essa atitude dos seus servos. Coloca-nos em posição privilegiada para podermos abençoar outros.
- Entender que quanto maior preço maior a recompensa – 9:15-17.
- Mordecai pagou um preço alto, não se inclinando perante Hamã; além disso, insistiu com Ester para se apresentar ao rei, imagine a consciência de Mordecai em entregar sua filha na cova dos leões.
- Os judeus pagaram o preço de jejuar, orar e lamentar.
- Ester pagou um preço alto e arriscado em se apresentar perante o rei, em falar com audácia sobre a sua origem e o plano maligno de Hamã.
- Como somos diante das injustiças, desigualdades, e pecados contra nossos semelhantes? Nos calamos ou pagamos o preço.
- Esperar a honra de Deus.
- Ester tinha as frustrações para ser uma menina rebelde e descrente: sem pai ou mãe, refugiada, pobre. Contudo, mostrou integridade, bom caráter, fé, sensibilidade, discrição. Não era uma interesseira diante da oportunidade de ganhar o concurso, ou no momento de se ataviar com o tesouro real.
- Assim também mordecai que foi até mesmo honrado por aquele que tramava sua morte.