terça-feira, 10 de junho de 2008

SPURGEON, O CALVINISTA

Spurgeon fora influenciado por sua herança puritana, seu ambiente e sua criação. No entanto, diferente de muitos homens e mulheres que permanecem tão completamente filhos do seu tempo e que praticamente tudo neles pode ser explicado em termos de seu condicionamento cultural, o príncipe dos pregadores pertence àquele grupo seleto que deixa sua marca em seu tempo, que molda seus contemporâneos e exerce uma influência a qual se estende ainda por muitas outras épocas.

A despeito de ter sido um calvinista ferrenho, o grande pregador do Tabernáculo Metropolitano deixava bem claro que usava o termo só por questão de concisão, pois a doutrina chamada “Calvinista”, segundo ele mesmo afirma, não surgiu com Calvino, mas do grande fundador de toda verdade. Ele entendia que o próprio Calvino as tinha aprendido dos escritos de Santo Agostinho e este, sem dúvida alguma, através do Espírito de Deus, de um cuidadoso estudo nos escritos do apóstolo Paulo, o qual, por sua vez, o recebera do Espírito Santo, de Jesus Cristo o grande fundador da dispensação cristã.[1] Portanto, Spurgeon usava o termo não porque concordava com tudo que Calvino tinha dito ou feito, mas porque o grande reformador foi coerente com as doutrinas bíblicas.

O grande pregador batista estava convicto de que não existia na sua época nenhuma outra pessoa que acreditava mais firmemente nas doutrinas da graça do que ele, contudo, gostaria de ser chamado cristão que por qualquer outro nome; mas se alguém lhe perguntasse se ele defendia o ponto de vista doutrinário defendido pela teologia Reformada, ele, sem dúvida alguma, respondia que sim e se regozijava com tal afirmação. Todavia, longe estava do príncipe dos pregadores o imaginar que no céu só haveria cristãos calvinistas, ou que ninguém seria salvo, se não acreditasse naquilo que ele acreditava como calvinista.[2] Spurgeon chega a afirmar em uma de suas pregações que, enquanto detestava muito das doutrinas pregadas por João Wesley, o príncipe dos arminianos, ainda assim tinha por ele uma reverência tal que não tinha por qualquer um outro arminiano; e disse mais a respeito deste: “ele viveu acima do nível normal dos cristãos comuns, e era um daqueles dos quais o mundo não era digno”.[3]

[1] C.H. Spurgeon, Exposition Of The Doctrines Of Grace, p. 4.
[2] C.H. Spurgeon, Sermons On Sovereignty, p. 12.
[3] C.H. Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 10, p. 871.
Postado por Elias Lima

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