quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A tróica impetuosa

Meus amigos sabem o quanto aprecio Dostoiévsvi. O Primeiro livro que li foi o clássico “os irmãos Karamazov” (quase que não termino!). A trama se desenvolve a partir de um parricídio. Enquanto os personagens vão se revelando, o autor aproveita para descrever a imunda sociedade de sua época bem como universalizar a maldade do coração humano. No final do romance acontece um júri, onde o promotor de justiça, Ipolit Kirilovitch, faz a sentença mais importante de todo o enredo: “Por que motivos reagimos com tanta debilidade ante semelhantes fenômenos (i.e. o parricídio), que nos pressagiam um porvir tão sombrio? Deve-se atribuir esta indiferença ao cinismo, ao esgotamento precoce da razão e da imaginação de nossa sociedade, tão jovem ainda, mas tão precocemente debilitada, à confusão de nossos princípios morais ou à ausência total destes mesmos princípios? ... um grande escritor da época precedente compara a Rússia a uma fogosa tróica que avança para um ponto desconhecido.”

Os questionamentos do autor sobre a moralidade (ou a falta dela) da sociedade russa bem como a figura da tróica (ou seja, uma carruagem puxada por três cavalos) ilustram vividamente a situação do mundo moderno. Somos, diariamente, bombardeados com notícias de crimes horripilantes, de crianças molestadas, de desastres ambientais propositados, de corrupção ativa na política e em todos os setores da sociedade, o que pode-se concluir disso tudo é a precisão com que o autor chama a humanidade de “fogosa tróica que avança para um ponto desconhecido”. Acertadamente não sabemos para onde vamos!

O salmista confirma Dostoievski quando afirma: “O Senhor olha do céu para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, que busque a Deus. Todos se desviaram e juntos se corromperam; não há quem faça o bem, não há um sequer.” Está mais do que na hora da humanidade voltar os olhos para o céu e pedir ajuda do Todo Poderoso: “buscai o Senhor enquanto se pode achar”. Faça a sua busca pessoal por Deus; não começe um novo ano sem antes rogar ao eterno a sua graça e pedir que ajude a humanidade a encontrar o caminho de casa.

Deus abençoe sua vida e dê ao seu coração a paz e sede por Ele.

Pastor Francimar Lima

Dê livros de presente neste Natal

As festas de final de ano se aproximam e o consumismo se avoluma. O materialismo se ergue como uma fera austera e faminta à caça de 13º salário, 1/3 férias, caixinhas, gorjetas, mesadas, e tudo que estiver a sua frente. Numa época assim gostaria não de alimentar o caça-níqueis social, mas talvez tirar sua atenção de presentes fúteis ou passageiros para adquirir bens duráveis.
Quero incentivá-lo a presentear seus amigos e parentes com livros. Atrevo-me a indicar alguns que seriam bons presentes para o natal:
1. A Biblia sagrada - dependendo da faixa etária há vários modelos.
2. "As Crônicas de Nárnia" de C.S.Lewis.
3. "O pão diário" - 14.
4. "O peregrino" John Bunian.
5. "Em busca de Deus" John Piper.
6. Alguns clássicos da literatura mundial/nacional.
Se você quiser indicar um livro para os leitores do nosso blog escreva um comentário, daí poderemos recomendar num artigo proximo.
Pr. Francimar Lima

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Gilbert Keith Chesterton - Parte II

Saiba um pouco desse grande Escritor.

Conhecido como G. K. Chesterton, (Londres, 29 de maio de 1874 — Beaconsfield, 14 de junho de 1936) foi um escritor, poeta, narrador, ensaísta, jornalista, historiador, biógrafo, teólogo, filósofo, desenhista e conferencista britânico. Era o segundo de três irmãos. Filho de Edward Chesterton e de Marie Louise Grosjean. Casou-se com Frances Blogg. Concluiu os estudos secundários no colégio de São Paulo Hammersmith onde recebeu prêmio literário por um poema sobre São Francisco Xavier. Ingressa na escola de arte Slade School de Londres (1893) onde inicia a carreira de pintura que vai depois abandonar para se dedicar ao jornalismo e à literatura. Escreveu no Daily News. Nascido de família anglicana, mais tarde converteu-se ao catolicismo em 1922 por influência do escritor católico Hilaire Belloc, com quem desde 1900 manteve uma amizade muito próxima. Ao falecer deixou todos os seus bens para a Igreja Católica. A sua obra foi reunida em quase quarenta volumes contendo os mais variados temas sob os mais variados gêneros. O Papa Pio XI foi grande admirador de Chesterton a quem conhecera pessoalmente. Na sua introdução a "São Tomás de Aquino" deixou escrito: "Assim como se pode considerar São Francisco o protótipo dos aspectos romanescos e emotivos da vida, assim Santo Tomás é o protótipo do seu aspecto racional, razão por que, em muitos aspectos, estes dois santos se completam. Um dos paradoxos da história é que cada geração é convertida pelo santo que se encontra mais em contradição com ela. E, assim como São Francisco se dirigia ao século XIX prosaico, assim São Tomás tem mensagem especial que dirigir à nossa geração um tanto inclinada a descrer do valor da razão."

Em uma de suas principais obras, Ortodoxia, defende os valores cristãos contra os chamados valores modernos, a saber, o cientificismo reducionista e determinista. Dono de uma retórica exemplar, coloca em debate crítico idéias como as de Mark Twain e Nietzsche.

fonte: Wikipédia.

Francimar Lima

G.K.CHESTERTON

Olá leitores do ARETE, desculpe-nos pela demora em publicar artigos novos. Acontece que os membros da Academia de Reflexões Teológicas tem andado muito ocupados. Um de nós nesse exato momento deve estar segurando um recém nascido, outro está correndo atrás de um visto permanente para mudar para Portugal, outro está em tratamento médico outro com a esposa grávida e assim vai...
Contudo, isso não significa que tenhamos esquecido de voês. Por isso, gostaria de indicar uma leitura bastante interessante para suas férias. Refiro-me a "ORTODOXIA". Escrito por um avô de nárnia, visto que seus escritos moldaram bastante a forma literária e fé de C.S.LEWIS.
G.K.CHESTERON, cristão arguto, combateu o liberalismo nos seus primeiros passos. Assim como Lewis, Chesterton é antes de tudo um apaixonado pelo cristianismo, de tal modo que a defesa que ele faz se torna estritamente pessoal e autobiografica.
ORTODOXIA é uma apologia ao cristianismo. Nele você percebera como o autor desdenha do ateísmo e agnosticismo mostrando a incoerência desses sistemas, ao mesmo tempo que apresenta a simplicidade, os paradoxos e acima de tudo a coêrencia de ser cristão.
Um grande abraço.
p.s. Lembre de comentar a leitura de "ORTODOXIA" conosco.
Pastor Francimar Lima

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A PALAVRA DE DEUS NO LAR


A família, ultimamente tem passado por uma profunda crise. Não somente no âmbito secular, mas, também os próprios cristãos estão sendo atingidos por problemas diversos, que vai desde infidelidade conjugal a filhos delinqüentes. A maioria das vezes que estes problemas acontecem no lar cristão é por falta de instrução bíblica na vida familiar. Quase sempre, o único contato que a família tem com a palavra de Deus é quando vai à reunião da igreja, e mesmo assim, não a freqüenta com assiduidade.

É impossível enfrentar bem e corretamente as dificuldades do dia a dia sem uma instrução bíblia diária no lar. É por isso que Deus, sabendo dos desafios que seu povo enfrentaria ao entrar na nova terra, a terra prometida, tendo como vizinhos povos completamente alheios à vida de Deus, ordenou que a sua palavra estivesse sempre presente no meio da família (Dt. 6:6-7 ...estas palavra que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te...).

O texto é bem claro quando fala da responsabilidade que o pai de família tem de amar e temer a Deus, e transmitir os princípios contidos na Sua palavra aos filhos, ensinando-os a terem o mesmo amor e temor pelo Senhor. É comum os pais exortarem os filhos a viverem corretamente, alegando o esforço que eles têm feito para criá-los. Isso, essencialmente não é errado, contudo, leva os filhos a apenas reconhecerem o esforço dos pais, e não incentiva os filhos a amarem e temerem a Deus, o que de fato é um perigo. Pois, o filho que aprende a amar os pais por argumentos desta natureza, pode não amar a Deus, e, por não amar a Deus pode, a qualquer momento, deixar de amar aos pais, amando apenas aquilo que os pais fazem. Entretanto, o filho que aprende a amar a Deus, amará sempre aos seus pais. É por esse motivo que o pai deve exortar o filho a viver corretamente, mediante o ensino da palavra de Deus, ou seja, ele deve agir “assim e assado” por que Deus diz em sua palavra “assim e assado”.

Uma maneira prática de promover a palavra de Deus no lar é através do culto em família. Esta deve ser uma prática constante no lar cristão, pois, além de ser a vontade de Deus para o seu povo, é também o meio pelo qual Deus dirige a família a grandes bênçãos. Algumas famílias, entretanto, deixam de freqüentar as reuniões de culto da igreja, por acharem que o culto familiar é suficiente para sua vida espiritual. Porém, a instrução bíblica no lar, através de momentos como o culto familiar, não substitui a adoração pública congregacional, mas prepara a família para a mesma. Além disso, Deus tem bênçãos tanto para um momento como para o outro. Que Deus esteja abençoando a sua família!

Por Pr Figueiredo

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Jerusalém de Ouro"

Jerusalém de Ouro
Composição: Naomi Shemer

O ar de montanhas, cristalino como vinho,
e aroma de pinhos
Voam com o vento da tarde,
e sons de campainhas

No adormecer da árvore e da pedra,
aprisionada em seu sonho
Está a cidade que habita solitária,
e no seu coração uma muralha.

Jerusalém de ouro, e de bronze, e de luz
Pra todas suas canções serei o violino

Secaram os poços das águas
e o mercado está vazio
Ninguém visita o templo da montanha
dentro da cidade velha

Nas cavernas das rochas,
choram os ventos
Ninguém desce para o Mar Morto,
via Jericó

Jerusalém de ouro,
e de bronze, e de luz
Pra todas suas canções,
serei o violino

Mas venho hoje para cantar a ti,
e a ti amarrar coroas
Sou menos que o mais jovem de seus filhos,
e do último dos poetas

Porque seu nome queima os lábios,
como um beijo se Seraph
Se a ti esquecer oh Jerusalém,
que és toda ouro

Voltamos aos poços de água,
e aos mercados e a praça
Se ouve o shofar no Monte do Templo,
na cidade Velha

E nas cavernas das rochas,
milhares de sóis iluminam
Novamente desceremos ao Mar Morto,
via Jericó

Jerusalém de ouro, e de bronze, e de luz
Pra todas suas canções serei o violino.

Pastor Francimar Lima

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

LIVRO DE CABECEIRA

ficção é a palavra de ordem da nossa geração. Livros e filmes desse gênero são os mais procurados. Isso porque a boa ficção nos retira momentaneamente para um mundo irreal e imaginário onde não precisamos lutar contra a dura realidade da vida. Lá no mundo de Tolkien, Homes, Lewis, Carol, Bunyan, Cervantes entre outros nos sentimos seguros mesmo no drama de uma montanha enfeitiçada, na estrada sombria, ou na casa mal-assombrada.



Há alguns anos tive contato com uma boa ficção a qual gostaria de recomendar. Me refiro "As Crônicas de Nárnia" do tão afamado C.S.Lewis. O pensador irlandes, também conhecido como Jack pelos amigo, nasceu em Belfast, capital da Irlanda, em 1898. Ele Lutou na primeira guerra mundial e deu apoio na segunda com incentivo as tropas através de pregações pela BBC de londres, o que mais tarde se tornou seu clássico "cristianismo puro e simples". Ele foi ateu até 1931, ano que se converteu ao Senhor. Daquele ano em diante dedicou-se a escrever e fazer palestras para universidades e capelas sobre o cristianismo. Lewis foi professor da Universidade de Oxford e Cambridge, e junto com seu amigo J.R.R.Tolkien faziam parte dos Inklings, um clube informal de literatas e academicos.


Em meio a uma grande bagagem cultural, "As cronicas de nárnia" nasceram. O pai de Nárnia já era um respeitado escritor com dezenas de títulos. Mas o que o consagrou internacionalmente foi sua obra magistral "o leão, a feiticeira e o guarda-roupa" seguida dos seis outros contos.



Gostaria com esse artigo recomendar o livro aos amantes da boa ficção.



Não temos fins comerciais, contudo queremos dizer que você pode adquirir esse volume único por apenas 16,90 pela submarino.

Pastor Francimar Lima

segunda-feira, 28 de junho de 2010

De lamentação para celebração

O plano de Hamã.

No primeiro mês, nisã, no ano 12 do rei assuero, Hamã lançou sorte, i.e. pur. Na cultura e religião persa havia algumas datas consideradas de mau agouro, e se algum projeto fosse feito para tal data, era possível que não desse certo. Assim Hamã lançou sorte para escolher a data que os deuses queriam para o seu projeto. Depois de lançada sorte e escolhida a data, dia 13 do mês de Adar que é o primeiro mês (3:12,13).

A tática de Hamã para convencer e ludibriar o rei foi dizer-lhe que os judeus eram contrários as leis dos medos e persas, e descumpriam as ordens do rei. Além disso, era fácil extermina-los. Batava o rei aprovar que o serviço sujo seria feito por Hamã. Ele convocaria mercenários para o serviço e do despojo faria que 10 mil talentos de prata, i.e. 342,720 kg de prata entraria no tesouro real. O rei tirou do dedo o seu anel, que era o carimbo para acordos e editos, e o deu ao agagita.

Os correios começaram a espalhar o edito do rei, no qual, naquela data macabra todos os judeus deveriam ser exterminados.

O lamento de Mordecai.

Quando mordecai soube disso lamentou de modo usual aos orientais, rasgou as suas vestes, cobriu de pano de saco e de cinza, e clamou com grande e amargo clamor.

A noticia era chegada nas demais cidades e o mesmo lamento era feito. O sofrimento uniu judeus que nunca tinham se visto, mas que oravam, jejuavam e lamentavam pela mesma causa.

Mordecai fez a rainha saber das ultimas notícias através de Hataque, um dos eunucos. A rainha vivia em sua casa e não tinha contato com as coisas que se passavam na cidade. Quando soube do edito do rei, portanto ficou alarmada.

Havia naquela cultura o costume de só aparecer na presença do rei quando no seu palácio em audiência se for chamado por ele ou se o rei abaixasse o seu cetro, o contrario disso era pago com a própria vida. Ester teve medo de quebrar esse protocolo, pois fazia 30 dias que ela não via o marido.

Contudo, mordecai lembra o valor de Ester: quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha? Ou seja, será que Deus não te colocou nesse posto tão elevado sem qualquer merecimento para abençoar a vida do teu povo?

Ester responde valorosamente: orem, jejuem por que daqui a três dias falarei com o rei, se perecer, pereci.

O segundo banquete de Ester.

A rainha demonstra muita determinação, pois em jejum foi capaz de arranjar um grande banquete para o rei. O monarca estava na sua grande sala real, reunido com escribas que copiavam suas palavras, príncipes, nobres, e estrangeiros, quando de repente as portas são escancaradas e uma jovem mulher entra causando espanto e admiração em todos. Qual seria a reação do rei? O aconteceria com essa intrometida, alcançaria o favor do rei?

Ester parou e esperou a sentença do rei. Se ele baixasse o cetro seria o fim de Ester e de todo seu povo. Porém, a rainha achou graça e o rei estendeu o seu cetro para que ela segurasse, mostrando para todos que estava à salvo.

Assuero pergunta o que ela deseja, Ester responde, a presença dele e de Hamã em um grande banquete naquela noite. Ester prefere esperar o momento oportuno.

Hamã saiu jubiloso, pois dentre tantos, a rainha convidou somente ele. No decorrer do banquete o rei perguntou qual o pedido de Ester ao que respondeu que diria no próximo dia, caso o rei viesse novamente com Hamã. Novamente saiu Hamã felicíssimo, Mas sua alegre se torna em tristeza ao sair e dar de cara com mordecai ereto e rijo diante dele. Ao chegar em casa sua mulher o aconselha a fazer uma forca e pedir ao rei mordecai para o enforcar. Ele não espera amanhecer e volta ao palácio.

Enquanto isso no palácio, o rei estava com insônia, talvez preocupado com o que a esposa iria pedir; pede ao escriba que leia suas crônicas, seu diário, e lá ouve de mordecai que salvou sua vida. Nisso, Hamã é chamado a presença do rei para lhe dar um conselho: o que fazer com alguém que o rei agrada fazer. Hamã pensa que o rei faria com ele. E diz: traga as vestes reais, que o rei costuma usar em publico e o cavalo em que o rei costuma andar, e tenha na cabeça a coroa real. Escolha um mais ilustre príncipe que vai na frente dizendo: assim aconteça ao homem a quem o rei deseja agradar.

No outro dia fez o que aconselhou ao rei. Depois voltou para casa envergonhado. Mas logo teve que segurar sua humilhação, pois os eunucos da rainha chegaram e o levaram para mais um dia de banquete.

No segundo dia o rei pergunta novamente a rainha qual o seu pedido e garante que até que seja metade do seu reino seria capaz de dá-lhe. Ester pede somente sua vida e a do seu povo. O rei fica confuso com o pedido. A rainha explica: Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de vez. O rei pergunta: quem foi arquiteto de um plano desses? Ester responde: este mau hamã.

O rei sai enfurecido da mesa e vai refletir no jardim. Quando volta encontra Hamã nos pés de Ester. Assuero entende que Hamã esta forçado Ester a voltar atrás, no mesmo instante Harbona, um dos eunucos, menciona que Hamã tinha feito uma forca para enforcar um dos súditos leais do rei, mordecai. Enforcai-o nela, disse o rei.

A salvação dos judeus.

Ester suplica que o rei revogue a lei sancionada, mas pelos costumes dos medos e persas nenhuma lei poderia ser revogada, nem pelo próprio rei. Ester se apodera da sua casa e bens, e Mordecai assume o posto de Hamã e rei o nomeia segundo no reino. Mordecai convoca todos os secretários do rei, para escrever uma carta e promulgar um edito: dia 23 de sivã, o terceiro mês. Todos os judeus poderiam se defender, faltava apenas 9 meses.

Quando o povo recebeu essa noticia houve uma grande aclamação de alegria, regozijo, festa e banquetes. Mordecai providenciou para que os judeus se preparassem para o motim, ou qualquer tipo de revolta daqueles que tentassem aniquilar os judeus.

No dia determinado, 13.12, os judeus começaram a travar uma batalha sangrenta contra aqueles que queriam saquear suas casas e aniquilar suas famílias. Em Susã os 10 filhos de Hamã foram mortos, mais 500 homens. Ao todo, mataram os judeus 75 mil dos que os odiavam e tramaram a sua morte. Ester pediu que desse um feriado para os judeus no dia 14 fazerem banquetes e comemorarem a vitória contra os inimigos.

A festa do purim.

Assim ficou determinado no calendário judaico que no dia 13 e 14 de Adar que é o ultimo mês, os judeus deveriam comemorar a festa do purim, i.e. das sortes, pois nesse dia foi lançado sorte para exterminar o povo, mas Deus transformou a desgraça em alegria e celebração.

Essa festa deveria ser comemorada sempre e para as futuras gerações. Até o dia de hoje.

Lições de Ester: como ser uma benção num mundo hostil.

  1. Acreditar que somos parte do plano de Deus - 4:13-14.
    1. Há pessoas que se acham o centro de tudo, família, do trabalho, da comunidade, da igreja, etc. No entanto, se esta pessoa morrer a vida vai continuar seu rumo.
    2. Ester nos ensina que somos apenas parte da conjuntura. Apesar de ser uma rainha dum grande império, ela continuava sendo apenas uma parte pequena do grande mosaico de Deus.
    3. Somos apenas peças na engrenagem da vida. Na família somos um membro, na igreja uma célular, no trabalho um funcionário. O que vale e importa é o todo.

  1. Reconhecer que quanto maior a posição maior a responsabilidade – 7:3-4.
    1. Humanamente falando a única maneira de evitar a chacina era alguém com tanto apreço falasse com o rei; ninguém, além da esposa, tinha tanto respeito ante o monarca.
    2. Deus escolheu Ester para Rainha, não apenas para a felicidade pessoal dela, mas para ser uma benção na vida do seu povo.
    3. Ainda hoje Deus espera essa atitude dos seus servos. Coloca-nos em posição privilegiada para podermos abençoar outros.

  1. Entender que quanto maior preço maior a recompensa – 9:15-17.
    1. Mordecai pagou um preço alto, não se inclinando perante Hamã; além disso, insistiu com Ester para se apresentar ao rei, imagine a consciência de Mordecai em entregar sua filha na cova dos leões.
    2. Os judeus pagaram o preço de jejuar, orar e lamentar.
    3. Ester pagou um preço alto e arriscado em se apresentar perante o rei, em falar com audácia sobre a sua origem e o plano maligno de Hamã.
    4. Como somos diante das injustiças, desigualdades, e pecados contra nossos semelhantes? Nos calamos ou pagamos o preço.

  1. Esperar a honra de Deus.
    1. Ester tinha as frustrações para ser uma menina rebelde e descrente: sem pai ou mãe, refugiada, pobre. Contudo, mostrou integridade, bom caráter, fé, sensibilidade, discrição. Não era uma interesseira diante da oportunidade de ganhar o concurso, ou no momento de se ataviar com o tesouro real.
    2. Assim também mordecai que foi até mesmo honrado por aquele que tramava sua morte.

Pr. Francimar Lima

Casa Nova, Ba

quarta-feira, 9 de junho de 2010

De lamentação para celebração

Ester, uma novela da vida real

1ª Parte

Alinhar à esquerda

Xerxes, Assuero, e seu reino.

Volte no tempo para o ano 483 a.C. e pense num país vastíssimo como o Brasil governado por um soberano rei chamado, Assuero a quem os gregos deram o nome de Xerxes. Seu domínio se estendia da Índia a Etiópia, englobando 127 províncias pelas quais seu pai lutou e morreu.

Assuero está no seu terceiro ano de reinado, e de partida para uma longa batalha contra os gregos, assassinos de seu pai numa fatal batalha. Os espartanos estavam alojados numa fenda de modo imbatível não deixando ninguém ultrapassar o seu caminho. Xerxes convoca o escol, a nata, a fina flor do seu império para pedir o apoio para uma luta que duraria quatro anos (3:7).

O grande banquete do rei durou 6 meses (1:4), tempo para percorrer suas principais províncias, e mostrar a glória do seu reinado e convencer de que o império estava pronto para uma nova luta contra os inimigos mortais gregos. O luxo que foi apresentado foi sem igual, o esplendor do reino, tecido branco, linho finíssimo, estofas e púrpuras atados em cordões de linho e de púrpura a argolas de prata e a colunas de alabastro; a armação dos leitos era de ouro e de prata, mármore, pedras preciosas. Os banquetes intermináveis, não só aos nobres mas a todo o povo que se achava na capital Susã, era servido em vasilhas de ouro e várias espécies, tudo por conta do palácio.

A coragem de Vasti.

Vasti, que era contraria a idéia de seu marido ir para a guerra, deu um banquete. No sétimo dia, os súditos pediram que o rei apresentasse a Rainha como parte da riqueza, para ser cobiçada e elogiada por sua beleza. Além disso, o povo queria saber se na ausência do rei, a sucessora estava de acordo e simpatizante com as idéias do monarca. Pois seria muito fácil o rei sofrer um golpe de estado pela sua própria esposa. O rei então, manda chamar a rainha e mostrar como ela é submissa, porém, o rei fica decepcionado com a ousadia e rebeldia da esposa e co-regente.

Os conselheiros logo se aproximam do rei e argumentam que não era bom para a reputação dos homens serem afrontados em casa por suas esposas que seguiriam o exemplo de Vasti. Em seguida o rei pronuncia que a rainha foi deposta do seu trono. O país seria governado, pelos generais e pelo primeiro ministro na sua ausência. Cartas foram escritas para advertir o que foi feito com Vasti e o que poderia se fazer com qualquer princesa ou plebéia que desobedecesse ao seu marido.

O rei foi travar sua batalha contra os gregos. Depois de longos quatro anos, tentando conquistar a Grécia, percebeu que Vasti estava certa e resolveu dar-se por derrotado. Desarmou o acampamento, fez as contas de sua campanha e percebeu o grande prejuízo daquele tempo todo longe de sua terra e dos confortos que já tinha. Mas a vingança da morte do pai era um fantasma que continuava lhe perseguia.

A volta deprimente do rei.

Assuero chega no seu luxuoso palácio triste e desolado, cercado de conselheiro, psicólogos e amigos próximos, mas nem um consegue afasta a tristeza da sua alma, pois ele precisava de alguém que o entendesse como pessoa, amante, marido e não como o infalível monarca e soberano sobre as terras persas. Essa carência foi sentida logo pelos seus jovens conselheiros, os quais deram o seguinte conselho: “tragam-se moças para o rei, virgens de boa aparência e formosura” em outras palavras, lance um concurso pra a mis persa, ou a futura rainha e esposa do rei. E isto agradou ao rei.

O historiador judeu Josefo diz que 400 mulheres participaram do concurso, pais se sentiam honradas em apresentar suas filhas como pretendentes do rei. Acordos políticos, intrigas, alianças começam a se formar em volta da escolha da tal rainha. Beleza e formosura eram os itens principais, mas não deveriam ser desprezados, a etiqueta e educação, sem contar o caráter da jovem.

Ester.

Dentre as belas jovens do vasto império, havia na capital uma que fora trazida para aquele país como uma escrava, órfã de pai e mãe, criada por um primo mais velho que a tinha por seu pai. Seu nome era Hadassa bate-Abiail, que era o nome de uma planta chamada murta, mas como todo cativo deveria adotar um nome do país em que morava, ela adotou o nome Ester, nome persa derivado da palavra Ishtam, “estrela”, relativo a deusa dos babilônicos. O seu primo era Mordecai ou Mardoqueu, também derivado do nome da divindade babilônica Marduque ou merodaque.

Ao saber da noticia do concurso, Ester não procurou fazer parte do grupo de jovens para o rei, mas guardou discrição até quando levada por Hegai.

O tratamento de beleza durava um ano. Ainda hoje algumas tribos nômades orientais preservam o hábito de tratar suas jovens nubentes com as mesmas especiarias. Uma espécie de forno ou um simples buraco era feito no chão e dentro era queimado ervas aromáticas e revigorantes para a pele. A moça ficava enrolada num grande lençol deixando que a fumaça abrisse os poros do corpo limpando e infiltrando o perfume e óleos daquela planta.

Além desse tratamento a moça era treinada e educada nas artes. Aprendia ler e escrever. Era corrigido os vícios de linguagem e introduzido uma nova forma de se expressar. Também as jovens aprendiam a se comportar diante da nobreza e do próprio rei. Devemos lembrar que a rainha não era apenas a esposa do rei, mas a senhora das terras, co-regente, substituta, e conselheira mais intima do coração do grande rei. Assim a jovem deveria mostrar-se culta, inteligente, rica em bons costumes e bela.

Ester ganhou o favor, primeiramente do eunuco do rei, que lhe determinou a dieta e 7 moças do palácio para facilitar a adaptação da futura rainha. Hadassa guardou a sua origem como um grande segredo, a pedido do seu primo-pai.

A grande escolha, a noite do oscar.

Decorrido de tratamento as jovens eram selecionadas para se apresentar ao rei, cada uma tinha uma única chance de ganhar o coração do soberano. Foram dez meses (2:16) até chegar a vez de Ester, mas quando o rei a conheceu, o concurso terminou. “O rei amou Ester mais do que a todas as mulheres, e ele alcançou favor e benevolência mais do que todas as virgens”. As demais fariam parte do harém do rei.

O rei fez um grande banquete para Ester. Assuero estava tão alegre que deu descanso para celebrar as suas núpcias, talvez o alívio nos impostos. Ester continuava guardando a sua origem, como seu primo havia mandado.

Bigtã e Teres.

Nesse momento surge uma história interessante de honestidade e fidelidade ao país. Mordecadai, que trabalhava em um cargo oficial e de confiança do rei, pois é assim que se interpreta a frase “estando sentando à porta do rei”, descobre que dois eunucos, homens também de muita confiança, tramaram a morte do rei.

Quando Mordecai sabe disso, informa a rainha que transmite para o rei. Depois de investigado o caso, os dois eunucos são enforcados. E o caso foi arquivado.

Hamã, o agagita.

Depois desse ocorrido o rei, ao invés de honrar a lealdade de Mordecai, nomeia Hamã, filho de Hamedata, agagita, príncipe acima dos demais. Quem? Mas não foi Mordecai quem salvou a vida do rei? Sim. E por que ele honra Hamã? E afinal quem é esse Hamã?

Hamã era descendente de Agague. O rei dos amalequitas tinha causado muita raiva em Deus, principalmente por ter guerreado contra Israel quando estavam no deserto. Saul era agora o rei de Israel e deveria lutar contra os amalequitas e destruir totalmente esse povo. Porém, Saul, deixou vivo Agague, o rei, e alguns bons animais. Samuel quando chega e ouve o balido das ovelhas e mugido de bois, se irrita muito e toma sua espada e despedaça o rei. Porém, alguns sobreviveram e agora se encontram quase 520 depois daquele episódio.

Agora o descendente vingativo havia conquistado um alto posto na corte da qual os judeus eram apenas súditos sem muito valor. Hamã é o tipo de homem vaidoso e orgulhoso que gosta das adulações. Mordecai, por outro lado, é o tipo de homem que é fiel as suas crenças, e não é capaz de nega-las, mesmo sob pena de morte.

O ódio de Hamã por mordecai cresceu quando descobriu que este era judeu, o povo que ele queria exterminar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

João Batista e o Cordeiro de Deus

As informações que temos concernente a vida e obra de João o Batista são limitadas ao Novo Testamento e Josephus. Os Evangelhos de Lucas e Mateus são os que mais relatam sobre ele, e seus relatos concordam substancialmente. O quarto Evangelho trata especificamente com o testemunho de João Batista após o batismo. Em sua observação singular (Ant., xviii, v, 2), Josephus [1] faz uma referencia interessante para a causa do aprisionamento de João Batista.

João Batista era de uma descendência sacerdotal. Sua mãe, Isabel, era das filhas de Arão, enquanto que seu pai, Zacarias, era sacerdote do turno de Abias, e fazia o serviço no Templo em Jerusalém. A Bíblia nos diz que Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor (Lc 1:6). Essa ancestralidade sacerdotal é um contraste interessante com sua missão profética.

Lucas nos relata que o nascimento de João Batista se deu seis meses antes do de nosso Senhor Jesus. O que apenas sabemos do lugar é que era uma cidade na região montanhosa de Judá. No que diz respeito a sua adolescência, a única informação definida que temos é resumida na profecia angelical: “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1:15), e no breve relato de Lucas: “O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lc 1:80).

As cenas do ministério de João Batista aconteceram parcialmente no sul da Judéia e parte no vale do Jordão. Dois locais são mencionados, Betânia (Jo 1:28), e Enom perto de Salim (Jo 3:23). Nenhum destes lugares pode ser, nos nossos dias, positivamente identificados.

Lucas nos relata que no décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E que Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados, conforme a profecia que estava escrita no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados; e toda carne verá a salvação de Deus (Lc 3:1-6).

A marca fundamental da mensagem de João Batista foi a proclamação da aproximação da era messiânica. Entretanto enquanto ele anunciava a si mesmo como a voz que clama no deserto a fim de preparar o caminho do Senhor, sua concepção da natureza do reino foi com toda certeza diferente de seus ouvintes. Em vez da expectativa do dia da libertação dos opressores estrangeiros, João pregava o dia de julgamento para Israel. Isto significava o perdão e salvação para aqueles que se arrependessem, porém destruição para os ímpios. “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3:12). “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Lc 3:9). A chamada ao arrependimento foi então uma mensagem natural para tal tempo de julgamento. Só que para João Batista, o arrependimento era algo muito real e radical. Ele significava uma mudança completa de coração e vida. “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” (Lc 3:8).

Quando João Batista viu Jesus vindo para ele, provavelmente logo depois de Sua tentação, ele deu um testemunho maravilhoso a respeito de Sua obra messiânica. Identificando Jesus com aquele de quem ele estava dando testemunho em suas pregações, e com base no seu conhecimento no sinal que Deus tinha lhe dado (Jo 1:30-34), ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (1:29). Não há dúvidas que estas palavras são ricas em sugestões concernente ao caráter de Jesus, natureza, universalidade e eficácia de Sua obra (c.f I Jo 3:5). João O chama de o “cordeiro” apontando especificamente a descrição do sacrifício vicário do Servo de Jeová (Is 53:11), mas também para qualquer cordeiro comum que era sem defeito e inocente, e num senso espiritual, João estava dizendo que Jesus era o perfeito cordeiro de Deus que haveria de ser sacrificado pelos pecados de Seu povo, e que cada cordeiro que era oferecido em sacrifício, sob a dispensação da lei; cada cordeiro pascal, os cordeiros dos sacrifícios diários, que eram oferecidos pela manhã e a noite. Sim, cada um destes eram figuras do verdadeiro cordeiro de Deus, que pela sua morte haveria de libertar seu povo dos pecados deles e cujo sangue seria a propiciação pelos seus pecados cometidos no passado, presente e futuro (I Jo 2:1-2).

[1] FLAVIUS J, The complete Works of Flavius Josephus, p. 382
Postado por Elias Lima

sexta-feira, 7 de maio de 2010



Desenvolvendo a salvação
Minha esposa está grávida de nosso primeiro bebê. O sentimento que nos toma é grandioso e a curiosidade também. Por isso, estou acompanhando o desenvolvimento provável do bebê por um site. É incrível como se desenvolve rápido!
O apóstolo Paulo também acompanhava e se preocupava com o desenvolvimento espiritual dos filipenses (Fp. 2:12-13).
“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.”
Portanto, o crente genuíno desenvolve a sua salvação.
O que significa desenvolver a salvação?
Vejamos dois significados assumidos.
O catolicismo romano ver o desenvolvimento da salvação como obtenção da mesma.
A Edição pastoral da Editora Paulus assim traduz o verso 12: “... continuem trabalhando para a salvação de vocês.”
Há vários problemas nesta interpretação. O primeiro é sintático. O texto grego não diz isso. Salvação é objeto direto do verbo desenvolver. O segundo problema é de vocabulário, pois o verbo traduzido por “trabalhar” (katergazete) não é traduzido como trabalhar em nenhum outro lugar. Sua tradução pode ser produzir (Rm 5:3; 2Co.4:17 ), causar ( Rm 7:13), executar (1Pe. 4:3 ), praticar ( Rm 2:9 ). Há também problema de contexto. Neste texto nós encontramos Paulo fazendo uma conclusão. O que ele está concluindo? Ele está concluindo a exortação que fez quanto à unidade da igreja em 1:27. Como cidadão do céu, o crente deve viver em unidade. A partir do capítulo 2, Paulo mostra que a humildade é a atitude apropriada para os crentes terem união. Ele dá, então, o exemplo de humildade de Jesus. Este exemplo não é para eles ficarem sabendo, mas para copiar, imitar. Finalmente chegamos à nossa passagem. Esta é a conclusão da exortação de Paulo quanto a viver em unidade que, por sua vez, requer humildade. Sem humildade, sem unidade. Desta forma, desenvolver a salvação está intimamente ligado a viver em unidade numa comunidade já salva (Fp. 1:1). Por fim, vem o problema teológico, pois em Efésios 2:8-9; Tito 3:4-5 e outros textos está bem claro que a salvação não é mérito do homem, que nossas obras não podem nos salvar.
O que seria então desenvolver a salvação?
A resposta bíblica é: Crescimento e amadurecimento espiritual.
A Nova Versão Internacional traduz muito bem o texto- “ponham em ação a ação de vocês...”.
O verbo “desenvolver” significa crescer, progredir, propagar. No tempo de Paulo, era usado no contexto de escavação de uma mina, ou da colheita num campo, com a idéia de extrair o máximo possível. Portanto, cada salvo deve “explorar” ao máximo a sua vida espiritual para crescer.
Paulo usou dois adjuntos- “com temor e tremor”. Estas duas expressões são sinônimas e referem-se à reverência e respeito. Em Provérbios 8:13 diz que o temor do Senhor consiste em aborrecer o mal. A igreja primitiva andava no temor do Senhor, indicando seu modo correto de viver (Atos 9:31).
Os filipenses iriam desenvolver bem a salvação deles se o fizessem com temor e tremor. Isto faria com que eles fossem obedientes mesmo na ausência de Paulo.
Russel Shedd disse: “o indivíduo que tem o nome de cristão, mas que é convencido, autoconfiante, sem atitude de reverência e respeito, tendo fé na graça barata, e nas obras inúteis feitas com vistas à recompensa, poderá ser uma das pessoas que se desapontarão quando bater à porta do céu, implorando que o deixem entrar. O Senhor o afastará tristemente: “nunca o conheci. Aparte-se de mim, você que pratica a iniqüidade.” (Mt.7:28)
Ao desenvolver a sua salvação, o crente recebe auxílio divino (VS.13). Os filipenses não estavam sozinhos da tarefa de desenvolverem a salvação deles. À primeira vista, parece que toda responsabilidade é removida dos filipenses. Mas Paulo introduz esta afirmação para assegurar a seus ouvintes que, apesar dele não está presente com eles, Deus lhes assistia graciosamente. O apóstolo jamais removeria a responsabilidade individual, muito menos atribuiria algum fracasso espiritual a Deus (como ele diz aos romanos, de modo nenhum).
Precisamos dar provas do desenvolvimento da nossa salvação (2:14-16). Vida sem murmuração nem contenda- Os dois pecados que mancharam os israelitas em sua travessia no deserto (Ex.16:17; Nm 11:1). A murmuração é o descontentamento. É provável que as murmurações fossem dirigidas de uns contra os outros, quebrando, assim, o espírito de harmonia, embora também seja possível que estes crentes estivessem criticando seus líderes (1:1). A palavra contenda pode também sugerir murmurações. Outra conotação é “litígio” e dissensões.
Se retivermos a Palavra de Deus, desenvolveremos bem a nossa salvação (VS.16).
Algumas perguntas para refletir:
- Como você pensa em ser salvo? Desista de qualquer tentativa meritória. A salvação é pela graça de Deus.
- O tempo que tenho de crente é equivalente à minha estatura espiritual, ou ainda ajo como uma criança mimada, fazendo briga por tudo?
- O meu desejo de crescer profissional e financeiramente é maior que o desejo pelo desenvolvimento espiritual?
- Os outros podem ver o desenvolvimento de minha salvação? Sou um crente de “terceiro mundo espiritual” ou um crente de “primeiro mundo espiritual”? Tenho desenvolvido ou atrofiado minha salvação? O nosso grau de obediência à Palavra de Deus nos dá a resposta.

Pr. José Roberto (IBMR em Mangabeira)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

MARIDO, O Líder Do Lar!

No mundo secular, diante da ascensão do feminismo, dizer que o marido é o líder do lar soa como tom de ofensa. Para muitos, a submissão feminina à liderança masculina coloca a mulher em posição inferior. Contudo, isso não passa de um grande mal entendido, pois, o ensino bíblico sobre a liderança masculina, revela que a esposa é o centro da atenção e dos esforços do marido, ressaltando, então, a sua importância e seu valor.
Essa atitude de repulsa para com a idéia da liderança masculina dar-se, por causa do falso entendimento de que o marido, por ser o líder, tem o direito de decidir e fazer o que quiser, como um ditador soberano.
Porém, quando a bíblia ensina que o marido é o líder do lar, ensina também que essa liderança deve ser com amor. Em Efésios 5:25-29, o apostolo Paulo apresenta três tarefas que envolve uma liderança com amor.
Em primeiro lugar, uma liderança com amor envolve suprir as necessidades materiais do cônjuge. A palavra “alimenta” encontrada no v.29, revela que o marido lidera o lar sendo o provedor da família, cabe principalmente a ele trazer para dentro de casa aquilo que é necessário para o sustento de todos. Biblicamente, a mulher não é proibida de trabalhar, porém, quando isso se torna motivo de insubmissão à liderança masculina, ou prejudica o bom andamento da família, deve-se abrir mão. Para ser um bom provedor, o marido precisa confiar na providência de Deus, se não, será um líder ansioso, e terá a companhia de uma esposa ansiosa, e um casal ansioso torna-se um casal estressado, e por sua vez, um casal estressado é um campo minado que a qualquer momento explode em brigas que dividirão o lar. Sem medo de errar, podemos dizer que as finanças tem sido um dos grandes motivos de brigas e separações entre casais.
Uma liderança com amor também envolve suprir as necessidades emocionais do cônjuge. Existe um grande preconceito por parte dos homens neste ponto, e muitos acham que a bíblia não opina nesta questão, e, por causa disso, concluem que sua tarefa é somente suprir as necessidades materiais. São muitas vezes maridos frios, rudes, e até destratam as esposas quando se dirigem a elas. Em relação a alguns, até os próprios animais demonstram mais carinho.
Entretanto, para a surpresa de muitos, este ponto é biblicamente ratificado. Nos vs. 28-29, Paulo diz que o marido que ama a esposa, está amando também a si mesmo, e, aquele que ama a própria carne, a alimente e dela cuida. Portanto, o amor pela esposa deve ser expressado através do cuidado. A palavra “cuida” usada no texto traz a idéia de um tratamento carinhoso, e até mesmo romântico. Esta palavra é usada apenas duas vezes em todo o Novo Testamento, além do texto mencionado, ela aprece em 1 Tessalonicenses 2:7 expressando a idéia de uma ama que “acaricia”, ou seja, trata carinhosamente seus filhos. Portanto, o cuidado do marido, deve envolver uma demonstração profunda de carinho, suprindo, assim, as necessidades emocionais da esposa.
Ele precisa conhecê-la , para saber o que a torna mais feliz, mais alegre, mais contente ou mais realizada, e assim, agir, para que ela seja emocionalmente completa.
Esta idéia é clarificada, quando Paulo diz que este é o mesmo cuidado que Cristo tem pela igreja. E quando Cristo cuida da igreja, Ele age carinhosamente, tornando-a mais feliz, mais alegre, mais contente e mais realizada.
Gesto simples como, “pegar na mão”, “dar flores em datas especiais”, “dizer: eu te amo”, “colocá-la no colo”, revelam carinho e suprem emocionalmente a esposa.
Por último, uma liderança com amor envolve suprir as necessidades espirituais do cônjuge. Este ponto, apesar de ser o último, eu diria que é o mais importante, pois, é biblicamente tratado com mais ênfase. Nos vs. 25-27, Paulo fala de como Cristo se entregou pela igreja, para santificá-la, e torná-la espiritualmente perfeita. E da mesma forma o marido deve liderar a esposa promovendo sua santificação e amadurecimento espiritual. Ele é o sacerdote do lar, responsável por promover o crescimento espiritual da família.
O amadurecimento espiritual é a chave para uma família equilibrada. Uma esposa, por exemplo, que é suprida materialmente, mas, não espiritualmente, torna-se uma pessoa materialista. E quando ela é suprida apenas emocionalmente, e não tem maturidade espiritual, torna-se egoísta.
A liderança do marido não acaba quando ele chega do trabalho, mas, continua até que reúna a família na presença de cristo e de sua palavra, e a prepare para vir à igreja.
Pastor José Figueiredo.

sábado, 10 de abril de 2010

A Parábola do Credor Incompassivo

Dívida é algo que quase todos têm. A generosidade de quem empresta pode ser tentadora para quem toma emprestado. As vezes a pessoa fica devendo o que não tem. Há casos tristes de pessoas que perderam seus bens para o banco por causa de dívidas.

Jesus toma emprestado essa ilustração para comparar com o reino dos céus. Nessa parábola o reino de Deus é visto como um ajuste de contas.

Mateus 18:23-35

Deus se alegra em perdoar os seus devedores e devemos nos alegrar também.

Deus é rico e cheio de misericórdia – v 23, 27.

A história surge da pergunta mesquinha de Pedro – v 21-22; os sábios ensinavam que o perdão devia ser limitado, talvez para não desgastar; daí, começaram a criar fórmulas matemáticas para perdoar uns aos outros.

Jesus conta uma estória, onde um rei havia emprestado para um de seus empregados o valor de 10 mil talentos (1 talento valia 6 mil denários = 600 milhões de denários). E como ele não tinha com que pagar foi dado a ordem de despejo e desapropriação de tudo que ele tinha. O servo se lançou ao chão e pediu tempo. O rei compadeceu-se dele e o perdoou a dívida, pois esta não lhe faria falta.
Aqui temos algumas ricas lições. Deus é o rei rico. Ele não vai empobrecer por causa de nossas dívidas. Ele é compassivo, i.e. misericordioso.

Nossas dívidas são eternas e impagáveis. De onde veio nossas dívidas? O pecado que cometemos contra Deus. A morte do seu filho.

O reino de Deus é como um rei que perdoa a dívida de um súdito. Todos que chegarem ao céu não poderão se vangloriar, pois todos chegaram pelo mesmo mérito, i.e. o da morte de Cristo.
O que Deus nos perdoou? A morte do seu filho, a entrada do pecado, a desordem no mundo que ele criou.

Deus é justo e espera que sejamos também.

Quando o devedor saiu do palácio, não aliviado pelo perdão, encontra alguém que lhe deve 100 denários. Ele agarrou-o e sufocou-o por uma quantia que também não lhe faria falta. O devedor fez o mesmo pedido, mas em vão – v 30. Os companheiros relatam ao rei, que age com justiça, i.e. age na base do devedor.
Novamente aprendemos algumas lições sobre o reino. O reino é constituído de pessoas perdoadas e perdoadoras – Mateus 6:14-15; Pv 21:13; v 35.

O rei diz: “não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo?”
Nossos pecados são como dívidas aos nossos semelhantes.
O devedor é entregue aos verdugos, i.e. ao carrasco de uma prisão – Mt 5:25-26.

Em Cristo temos todas nossas dívidas eternas perdoadas. Portanto, nenhuma agressão pode ficar sem perdão. Pois nosso estoque de misericórdia foi cheio quando Cristo nos perdoou.

Postado por Pr. Francimar LimaCasa nova, BA

terça-feira, 30 de março de 2010

LIÇÕES SOBRE O AMOR EM CANTARES: A FIDELIDADE

A história da Sulamita contada no Cântico é muito mais do que uma história de amor. É um verdadeiro exemplo de fidelidade desta jovem ao seu amado. Afastada de seu pastor, provavelmente, por conta de intrigas ligadas à sucessão real, esta princesa foi levada ao palácio de Salomão e ficou confinada ao numeroso harém do grande rei de Israel. Salomão amou esta bela jovem desde a primeira vez que a viu e tentou conquistar o seu coração de todas as formas, tentou comprar o seu amor com presentes e honrarias (1:12; 8:7) , mas a Sulamita não cedeu às investidas de Salomão. A razão dessa recusa é simples: o seu coração já pertencia a outro, tratava-se de um humilde pastor com quem, à sombra dos vinhedos, ela fizera juras de amor eterno. A verdade é que a Sulamita jamais se entregou ao rei de Israel. Como o seu amado morava nos arredores do, às vezes, o casal se encontrava em secreto (3:4). Em um desses encontros, inclusive, ela foi surpreendida e espancada pelos guardas do muro que vigiavam o harém real (5:7). No final do cântico, de forma inexplicável, a Sulamita deixa o palácio para entregar-se ao seu amado. O pastor louva a fidelidade de sua amada, ressaltando a sua confiança nela. As palavras da Sulamita são um verdadeiro poema sobre a fidelidade no amor conjugal. Em um tom solene ela declara: “Eu sou um muro, e os meus seios como as suas torres; sendo assim, fui tida por digna da confiança da minha amada” (8:10). A metáfora do murro é empregada para transmitir a ideia de firmeza, persistência e, provavelmente seja uma alusão à virgindade da sulamita.

A história da Sulamita é uma bela ilustração para o amor conjugal. Ele significa que há um pacto de fidelidade entre os amantes, pacto que em hipótese alguma deve ser rompido. Amar significa unir-se em um pacto de fidelidade com a pessoa amada. Há uma tendência bastante equivocada no sentido de restringir a fidelidade conjugal ao aspecto sexual. É um absurdo pensar que o vínculo de fidelidade aplica-se apenas a essa área. Na verdade, a fidelidade conjugal refere-se a todas as áreas da vida. Considerando que o enlace matrimonial é uma entrega total, não há como deixar nenhuma área da vida conjugal fora da abrangência do princípio de fidelidade, por mais insignificante que ela possa parecer. O pacto de fidelidade que é feito durante a cerimônia matrimonial não é quebrado apenas se um dos cônjuges incorrer em adultério. No casamento, a fidelidade e a felicidade andam de mãos dadas. Isso significa que se um dos conjugues não está empregando todos os esforços para tornar o outro feliz, não está sendo fiel ao pacto contraído publicamente.

A fidelidade também implica em responsabilidade. A promessa de proteger e cuidar do cônjuge não deve ser entendida apenas como uma declaração sentimental, mas como a expressão de um compromisso que deve ser colocado em prática durante a vida matrimonial.



Postado por J. Marques

segunda-feira, 22 de março de 2010

LUTERO E A ESCRAVIDÃO DA VONTADE - Conclusão

Nós sabemos que este é um assunto que vem desde a idade média, começado por pelágio, que era uma pessoa eminentemente moral, tornou-se um professor de sucesso em Roma, nos fins do século IV. Britânico por nascimento, era um asceta zeloso. Não se pode dizer com certeza se ele era um monge, mas claramente apoiava ideais monásticas. Ele ressaltava a capacidade de o homem dar os passos iniciais em direção à salvação mediante os seus próprios esforços, sem precisar da graça especial. A pedra fundamental do pelagianismo é a idéia do livre-arbítrio fundamental do homem e sua responsabilidade moral. Ao criar o homem, Deus não o sujeitou, como as demais criaturas, a lei da natureza, mas deu-lhe o privilégio sem igual de cumprir a vontade divina mediante a sua própria escolha. Esta possibilidade de escolher livremente o bem acarreta a possibilidade de escolher o mal. Segundo Pelágio, há três aspectos na ação humana: poder (posse), querer (velle) e a realização (esse). O primeiro vem exclusivamente de Deus; os outros dois pertencem ao homem. Sendo assim, conforme a homem age, merece louvor ou censura. Seja a que for que seus seguidores tenham dito, o próprio Pelágio mantinha o conceito de uma lei divina que proclamava aos homens aquilo que devem fazer e que colocava diante deles a perspectiva de recompensas e castigos sobrenaturais. Se um homem desfruta de liberdade de escolha, é pela expressa generosidade do seu Criador; ele deve usa-la para aquelas finalidades que Deus estabelece.

Em segundo lugar, Pelágio considerava a graça apenas coma uma ajuda externa fornecida por Deus. Não deixa lugar para qualquer ação especial interior de Deus sobre a alma. Com a palavra “graça”, Pelágio realmente quer dizer o livre-arbítrio em si ou a revelação da lei de Deus através da razão, que nos instrui naquilo que devemos fazer e que nos propõe sanções eternas. Visto que essa revelação se obscureceu através dos maus costumes, a graça agora inclui a lei de Moisés e o ensino e exemplo de Cristo. Essa graça é oferecida livremente a todos. Deus não faz acepção de pessoas. E somente pelo mérito que os homens avançam na santidade. A predestinação divina opera de acordo com a qualidade das vidas que Deus prevê que os homens terão. Já Santo Agostinho, sacerdote em hipona, África do Norte (391), que ali estabeleceu um mosteiro e, mais tarde, foi ordenado bispo. Acreditava que a Salvação do ser humano dependia inteiramente do eterno decreto de Deus, e que tanto os que são salvos quanto os que são perdidos são predestinados assim. Deus, segundo Agostinho, trabalha tanto no exterior do homem quanto no seu interior, pois se Deus não o vivificar, tal homem nunca pode, por si só, ser salvo.

Não há dúvidas que Deus é soberano, mas nós não podemos eliminar a responsabilidade humana pela soberania de Deus. É certo que nós não conseguimos conciliar estas duas coisas, pois elas são como duas cordas que puxamos ao mesmo tempo, e que corremos o perigo de puxar mais uma em detrimento de outra. O fato é que até Lutero nesta sua apologia contra o livre-arbítrio, teve que fazer a seguinte consideração:

a nós não compete nos intrometermos na vontade secreta de Deus, pois as coisas secretas de Deus estão inteiramente fora do nosso alcance (1 Tm 6.16). Deveríamos dedicar o nosso tempo considerando o Deus encarnado, o Senhor Jesus Cristo, em quem Deus tornou claro para nós o que deveríamos e o que não deveríamos saber (Cl 2.3). É verdade que o Deus que se tornou carne exclamou: “...quantas vezes quis eu... e vos não o quisestes!” Cristo veio a este mundo a fim de realizar, sofrer e oferecer a todos os homens tudo quanto é necessário a sua salvação. Mas alguns homens, endurecidos por causa da vontade secreta do Senhor, rejeitam-nO (Jo 1.5,11). O mesmo Deus encarnado, entretanto, chora e lamenta-se em face da destruição eterna dos ímpios, ainda que, em sua divina vontade, propositalmente Ele os tenha deixado perecer. Não nos cabe perguntar porquê, mas antes, nos prostrarmos admirados diante de Deus. Neste instante alguns dirão que logo que sou empurrado para um canto, evito enfrentar frontalmente a questão, dizendo que não devemos nos intrometer na vontade secreta de Deus. Entretanto, isso não é invenção minha. Foi dessa maneira que Paulo argumentou em Romanos 9.19,21; e Isaias, antes de Paulo (Is 58.2). E evidente que não devemos procurar sondar a vontade secreta de Deus, sobretudo quando observamos que são justamente os ímpios que são fortemente tentados a fazê-Lo. Nos devemos adverti-los a ficar calados e reverentes. Se alguém quiser levar avante essa forma de inquirição, é bem-vindo a faze-lo; porém, descobrir-se-á lutando contra Deus.

Noutra passagem ele responde a uma suposta pergunta do Por quê Deus não altera a vontade perversa de pessoas como o Faraó? – Ele responde: “Essa questão toca na vontade secreta de Deus, cujos caminhos são inescrutáveis” (Rm 11:33).

É nesta vontade secreta de Deus que nós devemos ter cuidado em fazer qualquer afirmação no que tange ou a soberania de Deus ou a responsabilidade humana, pois há vários versículos que falam da responsabilidade do homem, textos como: Gênesis 4:7 “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” Nós não podemos dizer que Deus estava brincando aqui com Caim, é certo, que como Judas não podia mudar aquilo que Deus tinha previsto na eternidade, mas por outro lado, não podemos culpa a Deus pelo que eles optaram em fazer, pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. (Gálatas 6:7). Logo ele é responsável pelo o que faz. Outra passagem que podemos ilustrar isso está em Mateus 26:24, que diz: “O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” Nós sabemos que Cristo devia vir pois muito tinha sido tido a respeito dELe, que o mesmo morreria e seria sepultado etc. e até foi o próprio Pai que fez isto, ou seja, levando até o calvário o seu próprio filho. Isaías 53:10 “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos.” E no mesmo verso nós podemos ver que é Ele que dá a Sua própria vida como diz João 10:18, “Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” Apesar de tudo isto, Deus não tira a responsabilidade do ato de Judas, mas diz: “...mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido” .

Sem dúvida, como disse Lutero, estas coisas pertencem a vontade secreta de Deus. Mas algo gostaria de deixar registrado aqui: o fato de eu não acreditar no livre arbítrio, no que diz respeito ao homem poder se salvar – a não ser que Deus aja, senão o mesmo está perdido –, quero deixar claro também a seguinte verdade: Quando todos aqueles pecadores, que aceitaram Jesus, chegarem ao céu, eles dirão: “Foi o Senhor que nos trouxe aqui”; e quando todos aqueles pecadores que rejeitarem a salvação aparecerem no inferno, eles irão dizer: ‘Fomos nós que recusamos a salvação à nós oferecida”. Deus age com misericórdia para com os que são salvos e com justiça para com todos os que perecem.

Soli Deo Gloria

Postado por Elias Lima