terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pessoas são importantes que coisas.

Pessoas são mais importantes que coisas – Jonas 4

Há um velho ditado que fala das coisas importantes da vida. As coisas secundárias podem passar desde que as primárias permaneçam: “vão-se os anéis, ficam os dedos”.
Deus nos ensina essa verdade através da vida do profeta Jonas: devemos amar as pessoas acima das coisas. A vida humana é mais valiosa que o mundo inteiro. Na história de Jonas Deus usa todos os meios para alcançar as pessoas, o objeto do seu amor: ele quase destrói um navio e suas bagagens para converter o coração de marinheiros pagãos; ele cria e usa um grande peixe para converter um profeta fujão de seus caminhos.
O profeta quer nos ensinar o contrário. Ele amou mais a pátria que os pecadores de Nínive. Não queria anunciar o evangelho porque não gostava deles. Deus o reprovou por isso e nos mostra que não devemos selecionar a quem fazemos o bem.
No encerramento do livro, Deus mostra novamente ao profeta quem é o objeto do seu amor: as pessoas, não importando nacionalidade ou outra diferença.

O descontentamento de Jonas com Deus – v. 1-3.

Jonas ficou irritado porque Deus não castigaria os seus inimigos. A palavra “desgostou-se” significa “ver como algo mau”. Jonas considerou a obra salvadora de Deus como um erro. Jonas ficou “irado” que literalmente quer dizer “ferver”. Jonas queria ver a destruição da cidade, a sua palavra tinha sido penhorada.
Jonas orou pela destruição de Nínive; da ultima vez ele estava humilhado na barriga de um grande peixe. Agora, o profeta tinha esquecido como é bom receber a misericórdia de Deus.
Apesar de tudo, Jonas tinha uma teologia correta: Êxodo 34: 6-7. Deus é misericordioso, i.e. Deus mostra generosidade, bondade àqueles que não merecem; Deus é clemente, ou seja, Deus mostra compaixão e perdão àqueles que estão em necessidade; Deus é tardio em irar-se, i.e. paciente, Deus nem sempre executa imediatamente o castigo merecido, mas dá tempo para o arrependimento; Deus é grande em misericórdia ou cheio de bondade, mostrando amor, bondade e piedade; Deus arrepende-se do mal, perdoa a maldade, i.e. capaz de julgar assim como de perdoar V 2b.
Mas, Jonas também tinha uma teologia errada: Deus não pode usar esses atributos com outro povo que não seja Israel. Para Jonas, Deus era injusto em punir Israel com o cativeiro e perdoar os ninivitas que eram mais pecadores que seu povo. Deus pode ser chantageado: “se o Senhor não vai destruí-los então me destrua, o mundo é pequeno demais para nós dois” V 3.

Deus não desiste do homem – v 4-6

Deus faz uma pergunta da qual ele já sabe a resposta – v 4. Ele fez isso com outros personagens: À Adão: onde estás? – Gn 3:9; À Caim: onde está teu irmão? – Gn 4:9; À Judas: Judas, com um beijo você está traindo o filho do homem? – Lc 22:48. Jonas foge novamente de Deus – v 5.
Ele saiu e fez uma enramada, ou um abrigo. Literalmente a palavra que Jonas usa é sucot, ou tabernáculo ou tenda, palhoça. O profeta está fazendo alusão a festa dos tabernáculos que era celebrada a cada ano, onde cada judeu deveria sair de suas casas e fazer cabanas para morar por 7 dias nelas, lembrando a libertação do seu povo e a peregrinação no deserto.
Jonas achava que Deus faria o mesmo que fez com Sodoma e Gomorra, ou no dilúvio, ou ainda com o Egito no mar vermelho, assim antecipou sua alegria (v 7) naquela destruição. Cf Dt 16:13-14; Neem 8: 15-17.
Deus usa uma planta para alegrar Jonas – v 6. Diz o texto que Jonas se alegrou ao extremo. A planta cresce de um dia para o outro a fim de o livrar do seu desconforto.

As coisas são passageiros, o homem é eterno – v 8-11

Deus enviou um verme para comer a planta. Isso lembra bem o que Jó reconhece: Deus dá, Deus tira. A ausência da planta fez com que o esconderijo de Jonas parecesse uma peneira. O vento quente e o sol escaldante fizeram o profeta desfalecer ou desmaiar.
Deus tira quando quer – v 7. Há pessoas que sacrificam o que realmente é importante pelos bens matérias, perecíveis, quando Jesus nos manda acumular tesouros nos céus – Mt 6: 19-21. Deus levará em conta, não o tanto de prédios que construímos, mas quantos pudemos abrigar; não levará em conta quão farta era nossa mesa, mas como dividimos nosso pão; não levará em conta quanta roupa tínhamos, mas quantos foram agasalhados por elas.
Deus confronta Jonas. O profeta teve uma compaixão mal-dirigida. O descontentamento de Jonas para com a planta foi maior do que com a não destruição da cidade v 8. Deus queria que Jonas raciocinasse: o que é mais importante uma planta nascida de um dia para o outro ou 120 mil (só crianças)? Jonas diria: a planta.
Nesse final sem uma conclusão específica (Jonas se deu conta do seu erro? Aprendeu a lição? Como viveram os novos convertidos?) a moral do livro salta aos nossos olhos: Deus ama os pecadores mesmo que sejam inimigos do seu povo, considera mais importantes do que navios carregados de grande valor ou a vontade nacionalista de um profeta apaixonado.

Pr. Francimar lima

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