sexta-feira, 14 de maio de 2010

João Batista e o Cordeiro de Deus

As informações que temos concernente a vida e obra de João o Batista são limitadas ao Novo Testamento e Josephus. Os Evangelhos de Lucas e Mateus são os que mais relatam sobre ele, e seus relatos concordam substancialmente. O quarto Evangelho trata especificamente com o testemunho de João Batista após o batismo. Em sua observação singular (Ant., xviii, v, 2), Josephus [1] faz uma referencia interessante para a causa do aprisionamento de João Batista.

João Batista era de uma descendência sacerdotal. Sua mãe, Isabel, era das filhas de Arão, enquanto que seu pai, Zacarias, era sacerdote do turno de Abias, e fazia o serviço no Templo em Jerusalém. A Bíblia nos diz que Ambos eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor (Lc 1:6). Essa ancestralidade sacerdotal é um contraste interessante com sua missão profética.

Lucas nos relata que o nascimento de João Batista se deu seis meses antes do de nosso Senhor Jesus. O que apenas sabemos do lugar é que era uma cidade na região montanhosa de Judá. No que diz respeito a sua adolescência, a única informação definida que temos é resumida na profecia angelical: “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1:15), e no breve relato de Lucas: “O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lc 1:80).

As cenas do ministério de João Batista aconteceram parcialmente no sul da Judéia e parte no vale do Jordão. Dois locais são mencionados, Betânia (Jo 1:28), e Enom perto de Salim (Jo 3:23). Nenhum destes lugares pode ser, nos nossos dias, positivamente identificados.

Lucas nos relata que no décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E que Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados, conforme a profecia que estava escrita no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos, aplanados; e toda carne verá a salvação de Deus (Lc 3:1-6).

A marca fundamental da mensagem de João Batista foi a proclamação da aproximação da era messiânica. Entretanto enquanto ele anunciava a si mesmo como a voz que clama no deserto a fim de preparar o caminho do Senhor, sua concepção da natureza do reino foi com toda certeza diferente de seus ouvintes. Em vez da expectativa do dia da libertação dos opressores estrangeiros, João pregava o dia de julgamento para Israel. Isto significava o perdão e salvação para aqueles que se arrependessem, porém destruição para os ímpios. “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3:12). “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Lc 3:9). A chamada ao arrependimento foi então uma mensagem natural para tal tempo de julgamento. Só que para João Batista, o arrependimento era algo muito real e radical. Ele significava uma mudança completa de coração e vida. “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” (Lc 3:8).

Quando João Batista viu Jesus vindo para ele, provavelmente logo depois de Sua tentação, ele deu um testemunho maravilhoso a respeito de Sua obra messiânica. Identificando Jesus com aquele de quem ele estava dando testemunho em suas pregações, e com base no seu conhecimento no sinal que Deus tinha lhe dado (Jo 1:30-34), ele disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (1:29). Não há dúvidas que estas palavras são ricas em sugestões concernente ao caráter de Jesus, natureza, universalidade e eficácia de Sua obra (c.f I Jo 3:5). João O chama de o “cordeiro” apontando especificamente a descrição do sacrifício vicário do Servo de Jeová (Is 53:11), mas também para qualquer cordeiro comum que era sem defeito e inocente, e num senso espiritual, João estava dizendo que Jesus era o perfeito cordeiro de Deus que haveria de ser sacrificado pelos pecados de Seu povo, e que cada cordeiro que era oferecido em sacrifício, sob a dispensação da lei; cada cordeiro pascal, os cordeiros dos sacrifícios diários, que eram oferecidos pela manhã e a noite. Sim, cada um destes eram figuras do verdadeiro cordeiro de Deus, que pela sua morte haveria de libertar seu povo dos pecados deles e cujo sangue seria a propiciação pelos seus pecados cometidos no passado, presente e futuro (I Jo 2:1-2).

[1] FLAVIUS J, The complete Works of Flavius Josephus, p. 382
Postado por Elias Lima

Nenhum comentário: