quarta-feira, 9 de junho de 2010

De lamentação para celebração

Ester, uma novela da vida real

1ª Parte

Alinhar à esquerda

Xerxes, Assuero, e seu reino.

Volte no tempo para o ano 483 a.C. e pense num país vastíssimo como o Brasil governado por um soberano rei chamado, Assuero a quem os gregos deram o nome de Xerxes. Seu domínio se estendia da Índia a Etiópia, englobando 127 províncias pelas quais seu pai lutou e morreu.

Assuero está no seu terceiro ano de reinado, e de partida para uma longa batalha contra os gregos, assassinos de seu pai numa fatal batalha. Os espartanos estavam alojados numa fenda de modo imbatível não deixando ninguém ultrapassar o seu caminho. Xerxes convoca o escol, a nata, a fina flor do seu império para pedir o apoio para uma luta que duraria quatro anos (3:7).

O grande banquete do rei durou 6 meses (1:4), tempo para percorrer suas principais províncias, e mostrar a glória do seu reinado e convencer de que o império estava pronto para uma nova luta contra os inimigos mortais gregos. O luxo que foi apresentado foi sem igual, o esplendor do reino, tecido branco, linho finíssimo, estofas e púrpuras atados em cordões de linho e de púrpura a argolas de prata e a colunas de alabastro; a armação dos leitos era de ouro e de prata, mármore, pedras preciosas. Os banquetes intermináveis, não só aos nobres mas a todo o povo que se achava na capital Susã, era servido em vasilhas de ouro e várias espécies, tudo por conta do palácio.

A coragem de Vasti.

Vasti, que era contraria a idéia de seu marido ir para a guerra, deu um banquete. No sétimo dia, os súditos pediram que o rei apresentasse a Rainha como parte da riqueza, para ser cobiçada e elogiada por sua beleza. Além disso, o povo queria saber se na ausência do rei, a sucessora estava de acordo e simpatizante com as idéias do monarca. Pois seria muito fácil o rei sofrer um golpe de estado pela sua própria esposa. O rei então, manda chamar a rainha e mostrar como ela é submissa, porém, o rei fica decepcionado com a ousadia e rebeldia da esposa e co-regente.

Os conselheiros logo se aproximam do rei e argumentam que não era bom para a reputação dos homens serem afrontados em casa por suas esposas que seguiriam o exemplo de Vasti. Em seguida o rei pronuncia que a rainha foi deposta do seu trono. O país seria governado, pelos generais e pelo primeiro ministro na sua ausência. Cartas foram escritas para advertir o que foi feito com Vasti e o que poderia se fazer com qualquer princesa ou plebéia que desobedecesse ao seu marido.

O rei foi travar sua batalha contra os gregos. Depois de longos quatro anos, tentando conquistar a Grécia, percebeu que Vasti estava certa e resolveu dar-se por derrotado. Desarmou o acampamento, fez as contas de sua campanha e percebeu o grande prejuízo daquele tempo todo longe de sua terra e dos confortos que já tinha. Mas a vingança da morte do pai era um fantasma que continuava lhe perseguia.

A volta deprimente do rei.

Assuero chega no seu luxuoso palácio triste e desolado, cercado de conselheiro, psicólogos e amigos próximos, mas nem um consegue afasta a tristeza da sua alma, pois ele precisava de alguém que o entendesse como pessoa, amante, marido e não como o infalível monarca e soberano sobre as terras persas. Essa carência foi sentida logo pelos seus jovens conselheiros, os quais deram o seguinte conselho: “tragam-se moças para o rei, virgens de boa aparência e formosura” em outras palavras, lance um concurso pra a mis persa, ou a futura rainha e esposa do rei. E isto agradou ao rei.

O historiador judeu Josefo diz que 400 mulheres participaram do concurso, pais se sentiam honradas em apresentar suas filhas como pretendentes do rei. Acordos políticos, intrigas, alianças começam a se formar em volta da escolha da tal rainha. Beleza e formosura eram os itens principais, mas não deveriam ser desprezados, a etiqueta e educação, sem contar o caráter da jovem.

Ester.

Dentre as belas jovens do vasto império, havia na capital uma que fora trazida para aquele país como uma escrava, órfã de pai e mãe, criada por um primo mais velho que a tinha por seu pai. Seu nome era Hadassa bate-Abiail, que era o nome de uma planta chamada murta, mas como todo cativo deveria adotar um nome do país em que morava, ela adotou o nome Ester, nome persa derivado da palavra Ishtam, “estrela”, relativo a deusa dos babilônicos. O seu primo era Mordecai ou Mardoqueu, também derivado do nome da divindade babilônica Marduque ou merodaque.

Ao saber da noticia do concurso, Ester não procurou fazer parte do grupo de jovens para o rei, mas guardou discrição até quando levada por Hegai.

O tratamento de beleza durava um ano. Ainda hoje algumas tribos nômades orientais preservam o hábito de tratar suas jovens nubentes com as mesmas especiarias. Uma espécie de forno ou um simples buraco era feito no chão e dentro era queimado ervas aromáticas e revigorantes para a pele. A moça ficava enrolada num grande lençol deixando que a fumaça abrisse os poros do corpo limpando e infiltrando o perfume e óleos daquela planta.

Além desse tratamento a moça era treinada e educada nas artes. Aprendia ler e escrever. Era corrigido os vícios de linguagem e introduzido uma nova forma de se expressar. Também as jovens aprendiam a se comportar diante da nobreza e do próprio rei. Devemos lembrar que a rainha não era apenas a esposa do rei, mas a senhora das terras, co-regente, substituta, e conselheira mais intima do coração do grande rei. Assim a jovem deveria mostrar-se culta, inteligente, rica em bons costumes e bela.

Ester ganhou o favor, primeiramente do eunuco do rei, que lhe determinou a dieta e 7 moças do palácio para facilitar a adaptação da futura rainha. Hadassa guardou a sua origem como um grande segredo, a pedido do seu primo-pai.

A grande escolha, a noite do oscar.

Decorrido de tratamento as jovens eram selecionadas para se apresentar ao rei, cada uma tinha uma única chance de ganhar o coração do soberano. Foram dez meses (2:16) até chegar a vez de Ester, mas quando o rei a conheceu, o concurso terminou. “O rei amou Ester mais do que a todas as mulheres, e ele alcançou favor e benevolência mais do que todas as virgens”. As demais fariam parte do harém do rei.

O rei fez um grande banquete para Ester. Assuero estava tão alegre que deu descanso para celebrar as suas núpcias, talvez o alívio nos impostos. Ester continuava guardando a sua origem, como seu primo havia mandado.

Bigtã e Teres.

Nesse momento surge uma história interessante de honestidade e fidelidade ao país. Mordecadai, que trabalhava em um cargo oficial e de confiança do rei, pois é assim que se interpreta a frase “estando sentando à porta do rei”, descobre que dois eunucos, homens também de muita confiança, tramaram a morte do rei.

Quando Mordecai sabe disso, informa a rainha que transmite para o rei. Depois de investigado o caso, os dois eunucos são enforcados. E o caso foi arquivado.

Hamã, o agagita.

Depois desse ocorrido o rei, ao invés de honrar a lealdade de Mordecai, nomeia Hamã, filho de Hamedata, agagita, príncipe acima dos demais. Quem? Mas não foi Mordecai quem salvou a vida do rei? Sim. E por que ele honra Hamã? E afinal quem é esse Hamã?

Hamã era descendente de Agague. O rei dos amalequitas tinha causado muita raiva em Deus, principalmente por ter guerreado contra Israel quando estavam no deserto. Saul era agora o rei de Israel e deveria lutar contra os amalequitas e destruir totalmente esse povo. Porém, Saul, deixou vivo Agague, o rei, e alguns bons animais. Samuel quando chega e ouve o balido das ovelhas e mugido de bois, se irrita muito e toma sua espada e despedaça o rei. Porém, alguns sobreviveram e agora se encontram quase 520 depois daquele episódio.

Agora o descendente vingativo havia conquistado um alto posto na corte da qual os judeus eram apenas súditos sem muito valor. Hamã é o tipo de homem vaidoso e orgulhoso que gosta das adulações. Mordecai, por outro lado, é o tipo de homem que é fiel as suas crenças, e não é capaz de nega-las, mesmo sob pena de morte.

O ódio de Hamã por mordecai cresceu quando descobriu que este era judeu, o povo que ele queria exterminar.

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