quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Mundo, a Rede que nos Prende

Os mosteiros surgiram para dar uma opção aos que queriam consagrar-se a Deus e afastar-se do mundo. A disciplina do monasticismo era a mais severa da idade média. Os monges lutavam contra a natureza, degradando o homem até torná-lo numa máquina, abandonando o conflito no mundo. Os monges eram conhecidos como amantes de Deus, servos de Deus, renunciadores, atletas de Cristo, indicando os extremos de renúncia e rigor na disciplina da autoconsagração.

O filme “o nome da rosa” conta um pouco da rotina dos mosteiros da idade média. Mas destaca uma falha crucial do sistema monástico: a disciplina rigorosa não estava mudando os monges. No meio do claustro e afastado das mulheres, que era o grande causador do mal na idade média, ou de qualquer outro contato com o mundo físico, ainda assim os monges estavam se envolvendo com pecados escandalosos, típicos do mundo do qual eles procuram distância.

Essa dura realidade, acontecida há 500 anos atrás não é diferente do que ocorre hoje. Tentar fugir do mundo não nos garante que o seu espírito tenha sido tirado de nós. A solução pra uma vida de sucesso com Deus não depende do quanto ausente estejamos dos lugares (estádios, shopping, praia, praça) ou me abstenha das coisas materiais do mundo (televisão, computador, internet, carro), mas o quanto eu ame o Senhor.

Fugir do mundo físico não significa viver para Deus. Jesus disse que não tiraria seus discípulos do mundo, mas que os guardaria do mal – João 17. Enquanto vivermos nesse mundo estaremos em guerra contra três arquiinimigos: o mundo, a carne e o diabo.

Se é verdade a frase: “para derrotar o inimigo é importante conhece-lo” então faremos grandes avanços se estudarmos esses inimigos, na tentativa de conhece-los para derrota-los.

O mundo é uma rede que nos prende.

João é quem mais usa a palavra. Das 185 ocorrências ele usa 105, sendo 78 no evangelho, 24 nas cartas e 3 no apocalipse. Vamos perceber o significado do mundo em João e Paulo:

O mundo no sentido literal.

O universo – a totalidade de tudo que existe – João 17:5; Rm. 1:20; Ef 1:4; 1 Cor. 3:22; 8:4, 5. Foi considerada como “muito bom” em gênesis. A terra onde vivemos, o cenário da história – onde os homens nascem e morrem – João 16:21; 1 João 3:17; 1 Tm 6:7.

O mundo no sentido figurado.
 A totalidade da sociedade humana – João 1:29; 3:16; 2 cor. 1:12. “Todos os homens” são chamados de mundo. Sistema de valores alienado de Deus, que orienta o pensamento dos homens em oposição a Ele. Esse é o sentido que a bíblia mostra como inimigo do cristão. Possui certas características:

O mundo possui um curso/modo de pensar – Ef 2:2 “Peripateo” “andar” – os filósofos que andavam enquanto pensavam. O mundo também tem sua própria forma de pensar, seu curso. Esse curso/trajetória do mundo foi iniciada com Adão (Romanos 5:12), mas todos são responsáveis diante de Deus (Romanos 3:19). Por isso o mundo/criação anseia pela libertação do pecado – Romanos 8:20-22.

O mundo possui uma sabedoria – 1 Coríntios 1:20ss. Paulo estava pregando o evangelho da maneira de Deus para filósofos e judeus, os quais queriam que o evangelho fosse anunciado do modo do mundo: sinais e sabedoria (filosofia). Paulo insiste que não vai comprometer a pregação para agradar os sábios segundo o mundo, mas vai anunciar segundo a sabedoria de Deus. Em 1 Coríntios 3:18-20 a sabedoria do mundo é fútil, vazia, vaidade.

O mundo possui um espírito/conselho – 1 Coríntios 2:12. Os princípios do mundo, que incluem as especulações humanas, as tradições e até mesmo a religião, são contrárias a Deus.

O mundo possui sua própria religião – Gálatas 4:3; Colossenses 2: 8, 20. “Os rudimentos do mundo” – Paulo está corrigindo um ensinamento falso; a expressão se refere as primeiras coisas aprendidas, ao ABC da fé, mas que deveriam ser abandonadas quando a lição fosse totalmente repassada. Aqueles cristãos não queriam abandonar a circunsição e outros ensinamentos que não eram mais necessários à fé cristã, isso escravizava os cristãos a práticas mundanas. A religião do mundo mantém os homens em uma escravidão ao asceticismo e ao legalismo, que podem ter a aparência de sabedoria e promover uma espécie de devoção e autodisciplina, contudo, é perniciosa a fé autêntica.

Lições:

Fuja do curso do mundo – A bíblia exorta o crente a viver buscando as coisas do alto. O cristão não andará segundo os pensamentos do mundo.

Fuja da sabedoria do mundo – Não despreze a sabedoria de Deus mesmo que as vezes possa parecer loucura.

Fuja do conselho/espírito/religião do mundo – As tradições, as especulações, e até a religião do mundo sempre levarão o homem para longe de Deus.


Postado por Pr. Francimar Lima
Casa Nova, BA

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