sexta-feira, 5 de março de 2010

ABORTO: Como A Bíblia Considera Uma Criança Não Nascida?


Certa filha chegou para a mãe e disse: mãe! Eu ultrapassei as barreiras do namoro, e o resultado é que estou grávida.
A mãe assustada com o que a sua filha tão querida e amada dissera, disse: quem é o pai?
A filha disse: é fulano.
Manda chamá-lo aqui, porque eu quero ter uma conversa com ele, disse a mãe.
Quando o pai chegou, a mãe da filha grávida perguntou: como será, você vai assumir a criança?
O pai respondeu: a gente pode conversar melhor, e ver a possibilidade dela abortar.
A mãe da filha grávida, assustada, e alterada disse: você é louco? Como você pode ser capaz de querer cometer um ato tão cruel como este, isso é assassinato. Olha aqui, se você não é homem para assumir o que você fez, eu sou mulher suficiente para criar esta criança, mas um ato desse não será praticado.
A palavra aborto já não assusta mais a maioria das pessoas vivas neste planeta. Houve o tempo quando essa palavra era sinônimo de ódio e desrespeito à vida, quando lábios humanos pronunciavam-na como crime e quando só os homens de comportamento não-humano ousavam usá-la como alternativa para os problemas relacionados à gravidez indesejável.
Atualmente, muitos países no mundo liberaram o aborto e milhares de pessoas o praticam. O aborto já se constitui numa das mais sérias epidemias que acometeram a sociedade humana. Como disse Caio Fábio D’Arújo, o aborto “tem matado mais que guerras e homicídios. Tem destruído mais do que o violento trânsito das ruas das grandes cidades. Tem ceifado mais vidas que o câncer”.
Sem sombras de dúvidas, e de acordo com a constituição de nosso País, o aborto é crime, é um assassinato. E como disse George W. Knight III “o motivo de nossa preocupação, como cristãos, está no fato de ser ela uma criança ainda não nascida cuja vida é aniquilada. É inevitável e apropriado que os cristãos abordem este assunto a partir do ponto de vista divino quanto à vida humana, conforme expresso no sexto mandamento: “Não matarás” (Êx.20:13).
É importante, então, saber como a palavra de Deus considera uma criança não nascida, para termos uma posição, como cristãos, a respeito do aborto.
DEFININDO O ABORTO.
Antes de analisarmos o como a palavra de Deus considera uma criança não nascida, é necessário definirmos o que exatamente é o aborto.
Tecnicamente, abortar é, com ou sem autorização, tirar uma criança do ventre da mãe, ainda viva e deixar morrer, ou depois de ter sido matada ser retirada, com ou sem motivos.
Segundo George W. Knight III, o termo aborto indica “a expulsão de uma criança viva do ventre materno, pela instrumentalidade humana, com o objetivo de que a criança seja exterminada”1.
Aborto é usar “métodos humanos e cruéis” para matar, ou seja, é tirar a vida de uma pessoa inocente, e indefesa.
Abortar é assassinar, e por causa disto é uma ofensa contra Deus. Abortar é pecar.
A BÍBLIA E A CRIANÇA NÃO NASCIDA: Humana ou Sub Humana?
Alguns grupos, e até mesmos cristãos são a favor do aborto por dizerem que o “feto”, ou seja, a criança não nascida é sub humana. Porém, como a Palavra de Deus considera o nascituro? É humano ou não? Ainda há outros que dizem que a partir de um determinado tempo é que o nascituro passa a ser humano. Diante disso, nos perguntamos: quando que uma pessoa se torna realmente uma pessoa. Neste ponto, então, se faz necessário analisarmos algumas passagens que mostram como a Palavra de Deus considera o nascituro.
Êxodo 21:22-25.
"Se homens brigarem, e ferirem uma mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe".
Essa passagem é freqüentemente citada como um dos pontos de apoio da presente questão. Fala a respeito de se ferir uma mulher grávida de sorte que ela aborte. Segue-se, então, a frase tanto na forma negativa quanto na positiva: “porém sem maior dano” e “mas se houver dano”. Com referência à última, então, é dada a lei da igualdade de punição: “então darás vida por vida...”
A lei nesta passagem é que a pessoas que causou algum dano à uma mulher grávida, pagará pelo dano que Fez. Se o dano foi algo simples, ele pagará com algo simples. Se, porém, o dano foi a morte, ele pagará com sua morte.
Neste caso, a questão exegética é se a própria criança está, ou não, incluída nas palavras: “mas se houver dano”. Ou seja, se a morte que o texto se refere, fala também da morte da criança. Se estiver, então esta passagem é uma prova de que a morte de uma criança não nascida é considerada como a morte de um ser humano, o que, na teocracia de Israel do Antigo Testamento, é punível com “vida por vida”. Tal correlação deveria salientar que a criança é considerada como humana, igual a um adulto, em termos de humanidade. “Claro que, não sendo este um aborto premeditado, só se pode concluir que se um aborto acidental foi assim considerado, quanto mais o aborto intencional estará sujeito à pena de morte”2.
Alguém poderia argumentar: se, porém, a criança não está incluída no “dano”, é de outra forma a prova de que o Antigo Testamento considerava a criança menos humana e que o aborto não é uma violação da santidade da vida humana.
Porém, essa passagem não pode ser interpretada assim, porque se a criança não está incluída no “dano”, isso não dá base para dizer que a criança é menos humana, mas apenas indica que o causador do dano não era tido como responsável por uma morte indireta e não intencional.
Mesmo que a criança não esteja incluída no “dano”, não é base para dizer que a criança ainda não é humana.
Salmo 51:5.
"Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe".
Aqui se esclarece a identificação da humanidade da criança, e, ao mesmo tempo, se exclui qualquer tendência para dizer que isso não passa de uma mera licença poética. “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. A afirmação de Davi é que ele estava marcado e caracterizado pelo pecado desde o momento da sua concepção no ventre da mãe.
Falar sobre alguém no instante da sua concepção, e fazê-lo nos termo de pecaminosidade, é afirmar a sua humanidade desde o instante da concepção. A pessoas que fala de si mesmo como humano “eu” que ao nascer estava em iniqüidade (v.5a) é a mesma que foi concebida em pecado pela sua mãe.
A iniqüidade e o pecado não são nem o ato sexual da concepção, pois foi Deus quem instituiu o casamento com sexo, nem o ato de nascimento, pois Cristo nasceu como um humano qualquer e não era pecador, pelo contrário, são a pecaminosidade inerente ao salmista, e a todas as pessoas, desde o memento de sua existência como se humano.
Portanto, esta passagem é mais uma prova de que a Palavra de Deus considera uma criança não nascida, como um ser humano, exatamente igual a um ser humano adulto.
Jeremias 1:4-5.
"A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações".
Esta passagem começa com a afirmação que o Senhor conhecia Jeremias antes mesmo de o formar no ventre materno.
Expressões tais como conhecer, formar, consagrar, que são comumente usadas para seres humanos, foram usadas para Jeremias, antes dele nascer, ainda no ventre. Portanto, essas expressões indicam que Jeremias é considerado, pelo próprio Deus, como ser humano enquanto no ventre.
O fato de que Deus o conhecia ou o escolheu mesmo antes de começar sua existência no ventre materno, não nega o fato de que, o que estava formado no ventre era uma pessoa humana, reconhecida e considerada por Deus como tal.
CONCLUSÃO
Além dessas passagens citadas, há várias outras passagens que mostram como a Palavra de Deus considera uma criança não nascida, o nascituro.
As comprovações das Escrituras não se restringem apenas nessas. A Bíblia é unânime ao considerar o nascituro como ser humano. E ao considerá-lo humano, isso indica que o aborto voluntário é a violação de um dos mandamentos de Deus: “Não matará”.
Não há praticamente, uma passagem que trate direta e abertamente sobre o aborto, proibindo. Com isso, alguns podem até dizer: já que a Bíblia não proíbe, não é errado praticar. Porém, quanto a isso George W. Knight III diz: “na Bíblia, a dispersão de referência quanto a uma determinada questão só vem indicar uma forte e subjacente comprovação ou mesmo concordância com ela”3. Um exemplo disso é a Ceia do Senhor, pois praticamente é omitida nas epístolas, porém, se não fosse o problema em Corinto, não existiria mais nenhuma passagem falando diretamente.
Portanto, a falta de referência explícita quanto ao aborto só pode, também indicar que as Escrituras entendem que ele já foi levado em consideração na proibição geral de homicídio. Pois, se a criança não nascida é considerada pela Palavra de Deus como um ser humano, logo matar uma criança dessas é matar um ser humano, e isso é assassinato, e assassinato é proibido por Deus.
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1. Geroge W. Knight III in Os Puritanos

2. Geroge W. Knight III. Op cit


3. Geroge W. Knight III. Op cit

Postado por Pr. Figueiredo

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