quinta-feira, 4 de março de 2010

A VOZ QUE CLAMA NO DESERTO

João Batista tornou-se alvo de uma grande festa popular em nosso país. Uma mistura de religião e festa secular, o São João é tudo menos uma lembrança ao primo do nosso Senhor Jesus. A festa joanina ou junina tem a ver com o mês de junho. Toda a tradição de fogueira, balões, namoro, etc não tem relação com o são João Batista da bíblia, mas ao da tradição católica, que é (segundo a lenda) o responsável pelo ano bom de chuva.

João Batista ou João, o batista, deve ser lembrado pela sua entrega total a missões. Ele figura o último dos profetas e o primeiro dos missionários. Jesus chega a afirmar que ele é o maior dos nascidos de mulher, até o reino.

O que a bíblia diz sobre essa pessoa tão singular? Lucas 3:1-20

Os antecedentes de João Batista.

A voz viva da profecia mantivera-se silenciosa desde o último dos profetas do A.T. 400 anos de silêncio.

Ao invés da voz profética, houve duas correntes de vida religiosa: Escribas, onde a vontade de Deus é a obediência às interpretações da lei dada por eles; apocalípticos, os quais acrescentavam à lei suas esperanças de uma salvação nacional em termos apocalípticos.

Muitos movimentos lideraram rebeliões políticas e militares contra Roma naqueles dias.

Outros movimentos resolveram se separar de Jerusalém e de qualquer forma de civilização associada com Roma. Foi assim que surgiu a comunidade de Qumram, uma comunidade legalista e sectarista, regida por altos preceitos e rígida disciplina. É desta comunidade que devemos os manuscritos mais importantes da Bíblia. João teve um grande acesso e influencia nessa e dessa sociedade.

João cresceu em meio a essa confusão religiosa, bem parecida com nossos dias.

Nascimento e educação.

Filho de um sacerdote chamado Zacarias e uma Levita chamada Isabel. Sua mãe era estéril e ambos avançados em dias – Lucas 1:5-23.

Apesar da impossibilidade de ter filhos, eles não desistiram. Oravam sempre!
Deus respondeu a sua oração e enviou um anjo para dar a notícia – v 13.

O menino deveria ser criado na rígida disciplina dos nazireus: não poderiam beber vinho nem bebida forte, pois seria cheio do Espírito Santo; ele converteria muitos dos filhos de Israel; iria adiante do Senhor no poder e espírito de Elias.

Seis meses depois o mesmo anjo Gabriel foi enviar a mensagem de outra gravidez miraculosa a jovem Maria, prima de Isabel (Lc 1:36).

João nasceu e cresceu na dura disciplina ascética. Foi morar no deserto da Judéia onde se vestia com pêlos de camelos e um cinto de couro; incorporou uma dieta a base de mel silvestre e gafanhotos.

A disciplina de João incluía Jejum – Lc 7:33 “pois veio João batista, não comendo pão e bebendo vinho” Mc 2:18 “ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando”.

Além do Jejum a disciplina incluía a oração – Lc 11:1 – “um dos seus discípulos (de Jesus) lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos”.

A pregação de João Batista. Mateus 3:1ss.

O arrependimento e mudança de vida. Para o profeta não somente os gentios/pagãos deveriam se arrepender, mas o povo escolhido de Deus estava precisando de arrependimento e mudança de vida. A mensagem de João foi, portanto, um choque para os religiosos que acreditavam na eleição de seu povo, mas descartavam a necessidade de uma vida santa. (Lucas 3:7-8). João responde a pergunto do povo: “que havemos de fazer?” (Lucas 3:10-14).

A chegada do Reino de Deus. Todo judeu daquela época esperava o estabelecimento do reino. Porém as interpretações eram variadas: a maioria pensava num reino visível, (Lucas 17:21) Os fariseus esperavam um reino político/social, Jesus disse que o reino é marcado pela sua presença; a vinda de Jesus inaugurou a nova era/fase do reino de Deus.

O batismo. João praticava um batismo, que era a imersão do crente na água; um símbolo visível de que a pessoa acreditava na sua mensagem e estava disposta a mudar sua vida. Mateus 3:11-12 - o profeta aproveita para falar de um batismo muito superior: o batismo com o Espírito para o justos e o batismo com fogo para os ímpios.

Jesus o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (João 1:29) João reconheceu Jesus como o Messias do mundo. Ele sabia que não era o Messias (João 1:19-23). O seu alvo pessoal era promover a glória de Jesus: “convém que ele cresça e que eu diminua” (3:30).

Jesus e João.

A semelhança.

Os primeiros discípulos eram do grupo de João – João 1:35-37. Isso demonstra que a vida e obra de João tinha muita conexão com o estilo que nosso Senhor Jesus escolheu para si.

A pregação de Jesus é uma extensão da mensagem de João: o arrependimento, a chegada do reino, o batismo, etc. – Mt 3:8; Lc 13:1-9.

Ensinou seus discípulos a orar como João – Lc 11:1-4.

Rejeitou a expectativa do povo escolhido sem arrependimento – Mt 3:9. Israel queria um messias diferente daquele que João e Jesus anunciaram.

A diferença.

João é um asceta, Jesus é aberto ao mundo. Jesus foi chamado de glutão e beberrão. Não que Ele fosse, mas comparando com João e os nazireus e a expectativa do messias, Jesus foi interpretado como um bêbado (Mateus 11:18-19).

João fica na expectativa, Jesus é o cumprimento. O povo ainda questionou João a procura do messias, o qual apontou para o verdadeiro Cristo, seu primo.

João fica no âmbito da lei, Jesus inicia o evangelho. João está situado no limiar de duas eras, aquela marcada pelo pecado e regida pela dura lei de Moisés e saudando de longe o cumprimento da nova era marcada pela graça do evangelho de Cristo.

A morte de João Batista.

Falou contra o pecado de Herodes. Mt 14:4-12. O batista era um homem um verdadeiro profeta, que via o pecado como uma ofensa a Deus e que deve ser combatido, mesmo que praticado por um regente pagão e zombador da fé judaica.

Foi lançado na prisão. A tentativa de Herodes era amedrontar o profeta, mas não conseguiu. O rei temeu matar João, com medo de desencadear uma revolta.

Da cadeia João mandou mensageiros a Jesus: Mateus 11:2 – João não ficou em dúvida sobre sua vocação e ministério, mas se Jesus era de fato o Messias, pois ainda não tinha batizado com o Espírito e fogo.

Jesus aproveita para ilustrar a dignidade do reino de Deus: v 11 – João figura o maior e ultimo dos profetas, mas o menor do reino dos céus é maior do que João. O reino está operando no mundo e o menor desta era é maior porque desfruta e conhece bênçãos maiores que as desfrutadas por João: a comunhão pessoal com o messias.

Assim a única festa associada a João batista é da sua morte: decapitação. A festa junina não tem, portanto, qualquer vinculo com João, o batista.

Pr. Francimar Lima

Nenhum comentário: